30 de outubro de 2012 | 02h05
O aumento de intensidade do furacão Sandy ao alcançar a costa nordeste americana forçou o presidente dos EUA, Barack Obama, a cancelar seus comícios de ontem e hoje em Estados-chave para sua reeleição. Mitt Romney, seu desafiante republicano, suspendeu igualmente as atividades de campanha sob o argumento de "ser esta a hora de os líderes do país se focarem, juntos, nos americanos ameaçados".
A decisão de ambos não desconsidera a avaliação da população, a oito dias da eleição, sobre a capacidade de liderança de cada um. "Não estou preocupado neste momento com o impacto (da suspensão da campanha) na eleição. Estou preocupado com o impacto nas famílias, nas nossas primeiras respostas, na economia, no nosso transporte", afirmou Obama a jornalistas.
"A eleição vai cuidar de si mesma na próxima semana. Agora, nossa prioridade é assegurar que estamos salvando vidas, que as equipes de resgate estarão prontas, que as pessoas terão comida, água e abrigo de que precisam em caso de emergência e nós responderemos o mais rápido possível para pôr a economia de volta nos trilhos", completou.
Obama chegou a embarcar na noite de domingo para Orlando, na Flórida, onde tinha um comício marcado para ontem. O evento foi cancelado, assim como seu discurso de hoje em Green Bay, Wisconsin. O custo eleitoral de manter-se ausente da Casa Branca neste momento crítico seria considerável.
Romney cancelou seus compromissos de ontem e hoje em Wisconsin e na Flórida, e colocou os ônibus da sua campanha em uso para a entrega de suprimentos nas regiões ameaçadas. Na página da campanha republicana na internet foi aberto um link para doações à Cruz Vermelha. "Sandy é mais um furacão devastador e muitas pessoas enfrentarão situações difíceis como resultado de sua fúria", afirmou o republicano, em comício na manhã de ontem em Avon Lake, em Ohio.
O cálculo de ganhos e perdas eleitorais em razão do furação é ainda incerto. Sandy deverá afetar uma população de 60 milhões e não apenas durante sua passagem, mas por dias ou semanas. Parte dessas pessoas pode ter dificuldade de alcançar as urnas nos Estados onde há votação antecipada e até no dia 6.
Isso se dará em uma região do país de maioria democrata, mas onde os republicanos são fortes em localidades específicas, como o interior da Pensilvânia. Tampouco há clara ideia do quanto a imagem de liderança de Obama e a cooperação de Romney afetarão os eleitores. "Em termos de estratégia, vamos perder algum espaço. Mas o presidente tem responsabilidade real, que vem em primeiro lugar. Romney que faça o que quiser", afirmouo estrategista da campanha democrata, David Axelrod.
"Não demore, não espere, não questione as instruções porque esta é uma tempestade séria, que pode ter consequências letais se as pessoas não agirem rapidamente", disse ontem Obama, demonstrando abatimento.
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