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Obama exige ação de Karzai e Zardari

Mesmo constrangido por acusação de massacre, presidente mantém pressão

Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

O presidente dos EUA, Barack Obama, garantiu ontem seu apoio ao presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, e do Paquistão, Asif Ali Zardari, mas os pressionou para endurecerem a ofensiva contra a Al-Qaeda e insurgentes. Os dois líderes foram recebidos ontem por Obama na Casa Branca, para uma maratona de reuniões que continua hoje. Diante de relatos de que a Casa Branca estaria insatisfeita com o governo de Karzai, considerado "corrupto", e de Zardari, "fraco contra o Taleban", Obama reafirmou o apoio dos EUA aos dois presidentes. "Os EUA comprometeram-se em derrotar a Al-Qaeda, mas também se comprometem em apoiar os governos democraticamente eleitos tanto do Afeganistão quanto do Paquistão", disse o presidente americano, depois de se encontrar com os dois líderes. Obama começou a reunião enviando condolências pelo massacre no Afeganistão atribuído a forças dos EUA e prometeu investigação - o que tirou um pouco do ímpeto da pressão da Casa Branca sobre os dois líderes. O líder americano enfatizou que a "Al-Qaeda e seus aliados" são o inimigo comum dos três países. "Nos reunimos hoje como três nações soberanas unidas por um objetivo comum: desmantelar e derrotar a Al-Qaeda e seus aliados extremistas no Paquistão e Afeganistão e impedi-los de atuar nesses países no futuro", disse Obama. Os líderes paquistanês e afegão tiveram uma maratona de reuniões com Obama e a secretária de Estado, Hillary Clinton. De manhã, houve um encontro informal no Willard, hotel onde Zardari está hospedado, para tratar do avanço do Taleban. Hoje, os dois líderes se reunirão com vários outros integrantes do governo Obama. Karzai tinha uma relação muito estreita com George W. Bush - ambos se falavam ao telefone pelo menos duas vezes por semana. Mas Obama vem mantendo distância do presidente afegão, que aparentemente não tem a confiança da Casa Branca. No entanto, o governo Obama sabe que Karzai é favorito na eleição de agosto - por isso não quer confrontá-lo. Tanto Karzai quanto Zardari vieram a Washington de pires na mão. O Paquistão quer mais dinheiro para sua polícia e Exército e mais aviões não tripulados, que vêm atacando líderes do Taleban nas áreas tribais do país. Mas o Congresso está dificultando - nesta semana, o congressista David Obey propôs o estabelecimento de metas para liberar o dinheiro. A Casa Branca ficou irritada com os acordos que Zardari fechou com o Taleban no Vale do Swat - que resultaram na ocupação do vale pelos insurgentes e na ampliação de sua presença no país, chegando a 100 quilômetros da capital, Islamabad. Para assessores de Obama, o grande problema é que o foco do Paquistão está na luta contra a Índia e resiste a enfrentar os guerrilheiros Taleban, considerados "um dos nossos". Outro grande obstáculo é a fronteira porosa entre Afeganistão e Paquistão - os taleban circulam livremente entre os dois países, e o Paquistão funciona como uma fonte inesgotável e esconderijo seguro de guerrilheiros. O Paquistão não permite que os americanos entrem no país para lutar contra os guerrilheiros. Depois de criticar publicamente a fraca reação contra insurgentes, Hillary elogiou a recente ofensiva paquistanesa: "Fiquei impressionada" com os esforços recentes do Exército paquistanês contra o Taleban. Os líderes paquistaneses agora conseguem ver essa ameaça da mesma maneira que nós", disse.

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