02 de setembro de 2015 | 11h27
(Atualizada às 12h45) WASHINGTON - O presidente Barack Obama conseguiu nesta quarta-feira, 2, o apoio no Congresso para garantir a manutenção do acordo costurado por sua administração em torno do programa nuclear do Irã, que deve ser um dos principais legados de sua política externa. O pacto, firmado entre o grupo P5+1 e Teerã, ainda pode ser rejeitado pela maioria republicana, mas a Casa Branca agora tem o número suficiente de votos para sustentar o veto presidencial a uma eventual decisão nesse sentido.
O 34.º voto em favor de Obama foi anunciado na manhã desta quarta-feira pela senadora Barbara Mikulski, democrata de Maryland. "Nenhum acordo é perfeito, especialmente um negociado com o regime iraniano", disse a parlamentar em nota sobre sua posição. Mas ela ressaltou que o pacto é "a melhor opção disponível para bloquear o Irã de ter uma bomba nuclear".
Com 54 dos 100 votos no Senado, a oposição republicana promete votar em bloco a favor de uma resolução que rejeite o acordo negociado pelo secretário de Estado John Kerry com o Irã e as potências mundiais Grã-Bretanha, França, China, Rússia, mais Alemanha.
Obama já anunciou que vetará uma eventual resolução. Para derrubar o veto, os republicanos precisariam de dois terços dos votos da Casa. Com os 34 votos de apoio obtidos até esta manhã, Obama tem o número necessário para manter sua decisão.
Em discurso na Filadélfia nesta quarta-feira, Kerry afirmou que a eventual derrubada do acordo pelo Congresso seria um golpe de “autodestruição” dos EUA. Em sua avaliação, a saída unilateral do país do pacto fortaleceria os extremistas iranianos e o sentimento antiamericano dentro do país. Além disso, o regime de sanções internacionais dificilmente sobreviveria a uma eventual rejeição, observou.
“Eu realmente acredito que o mais rápido caminho para uma genuína corrida armamentista no Oriente Médio é não ter este acordo”, observou Kerry em entrevista antes de seu discurso na Filadélfia.
Anunciado em julho, o pacto tem o objetivo de impedir o Irã de construir bombas atômicas. Em troca de restrições ao programa nuclear do país, os EUA concordaram em suspender parte das sanções econômicas impostas à República Islâmica.
Kerry ressaltou que há apoio internacional ao pacto, com exceção de um país –apesar de o secretário não o ter nomeado, estava claro que falava de Israel. Em seu discurso, o secretário afirmou que o apoio militar e diplomático dos EUA a Telavive continuará inabalável. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, é crítico do acordo e há poucos meses fez um discurso no Congresso americano no qual pediu sua rejeição.
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