Obama iguala Reagan em aprovação

Pesquisa indica que 68% dos americanos apoiam presidente dos EUA, que hoje completa 100 dias no cargo

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Por Renata Miranda
Atualização:

O presidente dos EUA, Barack Obama, completa cem dias de governo hoje como o presidente mais popular desde Ronald Reagan (1981-1989). Uma pesquisa divulgada por The New York Times/CBS News indicou que 68% dos americanos aprovam o governo de Obama - a mesma porcentagem que Reagan atingiu no período inicial de Casa Branca, há mais de duas décadas. 100 dias em especial multimídia O mais impressionante, porém, foi a capacidade que Obama teve de manter os altos índices de popularidade, apesar do grande número de medidas polêmicas adotadas no início de seu mandato. Em menos de quatro meses, ele rompeu quase completamente com as políticas defendidas por seu antecessor, George W. Bush, defendendo uma reaproximação dos EUA com o Irã, assumindo uma posição contra as leis antiaborto e liberando financiamento para as pesquisas com células-tronco embrionárias. "Obama continua se beneficiando do desejo do povo por mudanças após anos de decepções do governo Bush", afirmou ao Estado o analista Thomas Mann, da Brookings Institution, em Washington. "Os americanos sabem que Obama não criou os problemas atuais. Por isso, estão sendo pacientes, pelo menos por enquanto." Segundo Mann, a popularidade de Obama não foi afetada pelas polêmicas questões que ele aborda por causa do contexto econômico no país. "As questões culturais têm menos influência em tempos de crise, mas mesmo assim Obama está trabalhando para reduzir as divisões e aproveitar-se da liberalização de alguns temas sociais, como o casamento homossexual", explicou Mann. Para Peter Levine, diretor do Centro de Informação e Pesquisa do Aprendizado Civil da Universidade Tufts, em Massachusetts, nos últimos anos os EUA vêm se direcionando gradualmente rumo a um caminho mais liberal. "Enquanto o país passa por um processo de mudança, os conservadores tentam lutar contra esse movimento, mas no momento atual essas questões são menos importantes por causa da crise financeira", disse Levine. "No entanto, se a economia melhorar, acredito que alguns desses temas voltarão ao cenário político." Obama deve marcar seus cem dias de governo com uma visita a Saint Louis, no Missouri, onde se reunirá com partidários e responderá a perguntas. Depois, ele segue para Washington para dar uma entrevista coletiva. DIVISÃO PARTIDÁRIA Mesmo com uma alta popularidade, Obama ainda não conseguiu cumprir uma de suas promessas de campanha: pôr fim ao partidarismo em Washington. Uma pesquisa feita pela Associated Press/GfK indica que apenas 24% dos republicanos apoiam o novo presidente. O analista político Mark Curtis, autor do livro Age of Obama (Era de Obama, em tradução livre), acredita que o presidente está buscando incluir mais os republicanos em seu governo para atingir um equilíbrio entre os partidos. "Uma das decisões mais inteligentes dentro dessa estratégia foi manter Robert Gates como secretário da Defesa", disse Curtis. "O presidente vem tentando criar um novo jeito de fazer política nos EUA e acredito que ele é um dos líderes americanos que mais têm se empenhado para chegar a um consenso com o outro lado." COM NYT

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