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Obama oferece ''recomeço'' a Teerã

Em mensagem de vídeo, presidente faz apelo direto ao povo iraniano

Por Alan Cowell
Atualização:

ocando a arte, história e a "humanidade comum" entre os dois países, o presidente americano, Barack Obama, ofereceu um "novo começo" nas relações dos Estados Unidos com o Irã, em uma mensagem de vídeo dirigida aos iranianos, na qual pede o fim de décadas de confrontos. Pouco depois, o presidente israelense, Shimon Peres, também enviou um comunicado por áudio com um apelo ao "nobre povo iraniano em nome do antigo povo judeu". Assista aos vídeos com mensagem de Obama para Irã Obama advertiu os líderes iranianos que seu acesso ao que chamou de "lugar legítimo na comunidade das nações" não se dará por meio de ameaças ou pelo "terror ou armas, mas de ações pacíficas". A mensagem tinha legendas em farsi e foi enviada no dia em que se comemora o feriado de primavera e o ano-novo (Nowruz) no Irã. As relações entre os dois países foram cortadas quase 30 anos atrás, quando militantes xiitas tomaram a Embaixada dos EUA em Teerã, mantendo mais de 50 pessoas reféns por 444 dias. A mensagem de Obama reitera a intenção que ele manifestou na primeira entrevista para a TV logo depois de chegar à Casa Branca, em janeiro, quando exortou o Irã a dialogar, "num clima de respeito mútuo", sobre todas as questões que puseram os dois países em lados opostos. Entre elas, as ambições nucleares do Irã, a posição de Teerã em relação a Israel e o que os Estados Unidos consideram como o apoio iraniano a insurgentes no Iraque. A mensagem foi divulgada no Irã e por meio do YouTube, websites de notícias regionais e pela TV em idioma árabe com sede no Catar, Al-Jazira. O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, não reagiu imediatamente, e as redes de televisão por satélite deveriam divulgar a mensagem na noite de sexta-feira. As autoridades iranianas mostraram-se cautelosas ante a mensagem de Obama. Segundo fontes de Teerã, o governo do país acolheu bem o gesto de Obama no sentido de resolver a série de disputas que colocou o governo dos dois países em rota de colisão nos últimos anos. Teerã insiste, como já ocorreu no passado, que os EUA precisam - antes de qualquer movimento de aproximação diplomática - "abandonar a hostilidade" em relação ao país. Há décadas, os iranianos queixam-se da intervenção de Washington em uma série de questões iranianas - do apoio americano ao golpe de Estado de 1953 (que restituiu o poder à dinastia Pahlevi) à derrubada, em 1988, de um avião civil iraniano por um navio de guerra americano estacionado no Golfo Pérsico. O Irã também se ressente do apoio de Washington a Bagdá durante a guerra entre Irã e Iraque, nos anos 80, como também ao movimento Mujahedin do Povo, grupo formado por dissidentes iranianos exilados no Iraque - que deu informações sobre o programa nuclear iraniano. O Irã foi alvo de três resoluções votadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estabeleceram sanções pela recusa do país em suspender o enriquecimento de urânio. As sanções atingem as atividades empresariais da Guarda Revolucionária - unidade de elite das Forças Armadas do Irã que provê a segurança do regime teocrático e administra de indústrias militares a entidades bancárias. O Irã diz que enriquece o urânio em baixos níveis, apenas para produzir combustível para seus reatores nucleares produzirem energia elétrica. Mas o domínio da tecnologia atômica para fins pacíficos, teoricamente, capacita o país a produzir também armamento atômico. O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, chegou a anunciar, semanas atrás, que o Irã já teria alcançado quantidade suficiente de urânio altamente enriquecido para a fabricação de pelo menos uma bomba nuclear.

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