Obama pede libertação de manifestantes no Irã

Presidente condenou prisão e repressão 'injusta' após protestos que deixaram oito mortos.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou com rigor nesta segunda-feira a prisão de manifestantes da oposição no Irã e exigiu a libertação "imediata" dos detidos no protestos que deixaram pelo menos oito mortos no domingo. "Os Estados Unidos se unem à comunidade internacional para condenar fortemente a violenta e injusta repressão de cidadãos iranianos inocentes", disse Obama. A polícia prendeu cerca de 300 pessoas durante as manifestações em diversas cidades iranianas, inclusive a capital, Teerã. Além disso, nesta segunda-feira, forças de segurança prenderam vários líderes da oposição. Ente os detidos estão o ex-ministro das Relações Exteriores Ibrahim Yazdi e o ativista de direitos humanos Emameddin Baghi. Foram presos ainda vários conselheiros dos líderes oposicionistas Hossein Mousavi, candidato derrotado à Presidência em junho, e do ex-presidente Mohammad Khatami. Também nesta segunda-feira, manifestantes contrários ao governo e policiais voltaram a entrar em confronto na capital iraniana, Teerã. Corpo desaparecido A polícia negou envolvimento nas mortes do domingo, dizendo que três delas foram acidentes e que outra foi causada por um tiro não disparado por policiais, sem dar detalhes sobre os demais casos. Autoridades disseram que as mortes estão sendo investigadas. A família de Mousavi afirmou que não pode realizar o funeral de Seyed Ali Mousavi, sobrinho de Houssein morto nas manifestações de domingo, porque seu corpo desapareceu do hospital. "Ninguém assumiu responsabilidade por ter levado o corpo... não podemos ter um funeral até encontrarmos o corpo", disse o irmão de Seyed Ali, Sayed Reza Mousavi, de acordo com o site reformista Parlamannews. Outras fontes oposicionistas afirmam que o corpo foi levado por agentes governamentais para impedir que o funeral se tornasse outro local de encontro de manifestantes. Violência Os protestos do domingo foram convocados pela oposição para coincidir com o fim das comemorações do Ashura, uma festividade muçulmana xiita. Em Teerã, centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas. Em outras cidades, a polícia usou cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Filmagens feitas em telefones celulares mostram a multidão ateando fogo a motocicletas e carros da polícia, e a resposta dos policiais. Segundo fontes oposicionistas, os manifestantes gritavam "Khamenei será derrubado", numa referência ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Reações Na segunda-feira, A Rússia se mostrou preocupada com os eventos no Irã e pediu por calma. Líderes de Alemanha, França e Grã-Bretanha condenaram a violenta reação do governo iraniano e pediram para que os direitos da oposição sejam respeitados. Nos Estados Unidos, a Casa Branca condenou o que chamou de "supressão injusta" dos protestos de domingo. "A esperança e a História estão do lado daqueles que buscam pacificamente ter seus direitos universais garantidos, assim como os Estados Unidos", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, Mike Hammer. A tensão no Irã vem se intensificando desde a morte do clérigo dissidente aiatolá Hoseyn Ali Montazeri, na semana passada, aos 87 anos. Seu funeral reuniu dezenas de milhares de simpatizantes pró-reforma. Os protestos do domingo foram os mais violentos desde o período após as eleições gerais, em junho, quando manifestantes da oposição foram às ruas para protestar contra a vitória do presidente Mahmoud Ahmadinejad. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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