
05 de julho de 2015 | 02h03
Há décadas, Ronald Reagan enfrentou um dilema similar nas conversações com a União Soviética em Reykjavik, na Islândia. Mesmo sabendo que qualquer acordo com os russos seria amplamente elogiado, Reagan recusou-se e só voltou à mesa de negociações mais tarde, assegurando um acordo melhor. Ele entendeu que o momento de abandonar as conversações é tão importante quanto entender quando iniciá-las.
Notícias recentes sobre as negociações envolvendo o programa nuclear iraniano, combinadas com declarações de funcionários do alto escalão do governo, ofereceram sérias razões para nos preocuparmos no caso de três situações: a aparente disposição do governo de permitir ao Irã manter secretas suas atividades nucleares no campo militar, uma potencial suspensão das sanções que não estão relacionadas ao programa nuclear iraniano e uma aparente falta de insistência por parte dos negociadores americanos no sentido de que inspeções rigorosas façam parte de um eventual acordo.
O secretário de Estado John Kerry afirmou recentemente que não procura responsabilizar especificamente o Irã pelo que realizou num determinado momento. Essas absurdas hesitações despertam preocupação no Congresso quanto à direção das negociações.
Outro motivo de inquietação: Obama observou em abril que as sanções americanas impostas ao Irã em razão de seu apoio ao terrorismo, os abusos de direitos humanos e seu programa de mísseis balísticos continuariam a vigorar plenamente até um acordo final. Agora, de acordo com a Associated Press, a Casa Branca vem tentando redefinir todas as sanções para relacioná-las ao programa nuclear.
O que mudou além do crescente desespero do governo para alcançar um acordo? Isso está preocupando seriamente todos aqueles no Congresso que entendem que essas sanções estão relacionadas a um amplo conjunto de atos abomináveis cometidos pelo Irã.
Foram principalmente as sanções que levaram o Irã à mesa de negociações. As exportações de petróleo do país caíram para quase a metade em três anos. Qualquer acordo que implique um alívio das sanções não relacionadas ao tema nuclear será ruim.
E também será um mau acordo confiar na palavra do regime de que não está enganando sobre os seus compromissos nucleares. Os inspetores internacionais precisam ter acesso a qualquer lugar e a qualquer tempo às instalações nucleares.
O Congresso está atento para defender os interesses básicos de segurança nacional dos EUA. Esperemos que o presidente encontre o bom senso no exemplo de Reagan. /TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
É LÍDER DA MAIORIA REPUBLICANA NA CÂMARA
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