Obama promete agir para evitar novas tragédias

Apesar de tom afirmativo, presidente dos EUA não fez menção a controle de armas; 20 crianças morreram em ataque à escola

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Por BBC Brasil
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NEWTOWN - Em pronunciamento à comunidade de Newtown, onde na última sexta-feira um atirador abriu fogo em uma escola primária e matou 26 pessoas, incluindo 20 crianças, e se matou em seguida, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o país não pode "tolerar mais" tragédias deste tipo e que, para interrompê-las, era "preciso mudar". Obama lembrou que "nenhuma lei ou nenhum conjunto de leis" poderia impedir a repetição de incidentes como o ocorrido na Sandy Hook School, mas que, em contrapartida, "as complexas causas de um crime realizado com arma de fogo não podem servir de desculpa para a inércia."O presidente americano acrescentou que, nas próximas semanas, usaria todo o "poder a ele confiado" em um "esforço para prevenir novas tragédias", mas não fez nenhuma menção direta à discussão sobre um controle de armas mais rígido no país ou, eventualmente, sua proibição. Críticos de Obama lembraram que ele já fez discursos semelhantes, embora com um tom menos afirmativo, em outras ocasiões, como quando a ex-congressista Gabrielle Giffords foi atingida na cabeça ao sofrer um atentado em janeiro do ano passado. Obama disse ainda que os Estados Unidos compartilham o "pesar" da cidade do Estado americano de Connecticut. "Eu vim aqui oferecer o amor e as orações da nação", disse.

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"Vocês não estão sozinhos em sua tristeza. Todo o país lamenta (o incidente).", acrescentou. Mais cedo, Obama reuniu-se reservadamente com familiares das vítimas e funcionários da escola. Controle de armas No último domingo, dois integrantes de peso do Partido Democrata defenderam um controle de armas mais rígido após o massacre da última sexta-feira.

Na ocasião, vinte crianças e seis adultos morreram depois que um atirador, identificado como Adam Lanza, abriu fogo dentro da instituição para, logo em seguida, cometer suicídio. Antes de atacar a escola, Lanza também matou a própria mãe. As declarações vieram do governador de Connecticut, Dan Malloy, e da senadora pela Califórnia Dianne Feinstein. Malloy defendeu um controle mais rígido para o porte de armas "a nível nacional". Já Feinstein disse que queria promulgar uma lei que proibisse a venda de armas de alto poder de fogo. No último sábado, médicos-legistas afirmaram que Lanza atirou mais de uma vez contra cada uma das vítimas e que a arma usada por ele foi um rifle semi-automático. Uma proibição nacional em relação à venda de rifles semi-automáticos nos Estados Unidos expirou em 2004. Crítica a Obama Outro apoiador da medida, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, criticou Obama e pediu que o presidente americano agisse o mais rápido possível. "Nós já ouvimos essa retórica antes", disse ele. "Não temos visto qualquer liderança nesse sentido, nem da Casa Branca nem do Congresso. Isso tem de acabar", afirmou Bloomberg, em referência aos massacres frequentes ocorridos nos EUA. Segundo a lista oficial divulgada pela polícia de Connecticut no último sábado, 20 crianças morreram - oito meninos e 12 meninas - com idades entre seis e sete anos.

A diretora da escola, Dawn Hochsprung, também está entre os mortos, além de Rachel DaVino, Anne Marie Murphy, Lauren Russo, Mary Sherlach and Victoria Soto. Uma mulher que trabalhava na escola foi a única pessoa que sobreviveu aos ataques. Cronologia do ataque Aos poucos, a cronologia do massacre começa a ser relevada. No último sábado, a polícia informou que o autor dos disparos forçou a entrada na escola, contradizendo informações preliminares de que a entrada do atirador na instituição havia sido liberada. Autoridades também afirmaram que possuem "provas contundentes" da motivação do crime, mas não deram mais detalhes sobre o que teria provocado a tragédia. Também foi divulgado que o atirador matou sua mãe em casa antes de dirigir rumo à escola no carro dela e abrir fogo contra alunos e funcionários. Investigadores acreditam que o autor dos disparos, Adam Lanza, teria estudado na Sandy Hook School anos atrás. O massacre ocorreu em duas salas de aula e no corredor. Os disparos duraram apenas alguns minutos. Ao ouvirem os tiros, os professores de outras partes do colégio tentaram proteger seus alunos, trancando portas e os escondendo em armários. A polícia disse que os estudantes não devem retomar as aulas na mesma escola. Os alunos sobreviventes serão reencaminhados a outros colégios da região enquanto uma decisão sobre o futuro da Sandy Hook School é tomada. O pai do suspeito, Peter Lanza, disse que sua família "ainda está tentando entender o que aconteceu". "Nossa família está junta nas orações por todos aqueles afetados por essa enorme tragédia", disse ele, em um comunicado. Também no último domingo, o incidente foi relembrado na tradicional prece dominical do Papa Bento 16, no Vaticano. Em inglês, o pontífice disse estar "profundamente entristecido pela violência sem sentido da última sexta-feira". O ataque de Newtown é o segundo massacre mais violento em escolas e universidades dos Estados Unidos, atrás apenas do da Universidade Virginia Tech em 2007, quando 32 pessoas mortas e dezenas ficaram feridas.

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