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Obama quer dialogar com Hamas, diz jornal

Segundo ?The Guardian?, que cita membros da equipe de transição do presidente eleito, ele pretende contatar o grupo palestino quando assumir

Por The Guardian e Washington
Atualização:

O jornal britânico The Guardian publicou ontem em seu site que o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, pretende mudar a política do atual governo americano de isolar o Hamas. De acordo com três membros da equipe de transição ouvidos pelo jornal, Obama estabelecerá um diálogo com o grupo palestino, que hoje faz parte da lista de organizações consideradas terroristas pelos EUA. Os contatos com o Hamas, que seriam feitos por agências de inteligência, começariam aos poucos. No início, não seriam de alto nível e poderiam ser feitos até mesmo de maneira clandestina. Segundo os membros da equipe de Obama, há cada vez mais consenso em Washington de que a estratégia de isolar o Hamas é contraproducente. Uma das alternativas que estão sendo analisadas é o estabelecimento de contatos entre o Hamas e agências de inteligência dos EUA por meio de encontros secretos, um processo muito parecido com o que foi usado pelos americanos para negociar com a OLP, nos anos 70. MUDANÇA Richard Haass, que seria o escolhido de Obama como enviado dos EUA ao Oriente Médio, apoia esse tipo de contato preliminar com o Hamas. Em artigo publicado esta semana no site da revista Foreign Affairs - escrito antes do conflito em Gaza -, Haass, que é presidente do Council on Foreign Relations, escreveu que se houver um cessar-fogo entre Israel e o Hamas e uma reconciliação entre o grupo islâmico e a Autoridade Palestina, os EUA deveriam negociar com as duas facções palestinas. "Se isso ocorrer, Obama deve autorizar contatos preliminares entre funcionários dos EUA e o Hamas em Gaza." Para Steve Clemons, diretor do programa de Estratégia Americana da New America Foundation, existem várias maneiras de dialogar com o Hamas sem passar a impressão de estar legitimando o grupo. "Enviados secretos, diálogos multilaterais, negociações feitas por meio de diplomatas europeus, enfim, os dias de isolamento total do Hamas ditados por Bush acabarão", disse. Um analista de política externa bastante próximo da equipe de transição confirmou a intenção de diálogo com o Hamas, mas advertiu que, provavelmente, o andamento das negociações não vazará para a imprensa. A disposição de negociar com o Hamas marcaria um rompimento radical na forma como o governo George W. Bush encara o extremismo islâmico. No mês passado, o general Anthony Zinni, que foi enviado do atual presidente ao Oriente Médio, já havia pedido publicamente para que Obama mudasse a estratégia dos EUA para a região e dialogasse com o Hamas. Até agora, Obama não deu pessoalmente nenhuma pista de como será sua política externa para a região. Sempre que questionado por jornalistas, o presidente eleito responde que agirá apenas após a posse para não passar por cima da autoridade do atual presidente americano.

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