10 de julho de 2010 | 00h00
Apesar do otimismo nas declarações, Obama evitou na sua conversa mencionar a questão do congelamento dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, que terminará no fim de setembro. Em palestra no Council on Foreign Relations em Nova York, na quinta-feira, Netanyahu indicou que não está disposto a prorrogar a suspensão de construção de novas casas em assentamentos já existentes.
Os palestinos condicionam a retomada das negociações diretas com Israel ao congelamento definitivo na expansão dos assentamentos, construídos em áreas reivindicadas para a criação de um futuro Estado. Obama também insistia na suspensão, mas elogiou Israel por congelar as construções, ainda que de forma provisória.
Segundo Netanyahu, a suspensão temporária buscava levar os palestinos de volta à mesa de negociações. Com Abbas relutante em retomar as conversações, o premiê não deve prorrogar o congelamento. Os líderes dos partidos de sua coalizão de governo, considerada uma das mais conservadoras da história de Israel, são contra a prorrogação.
De acordo com o premiê, os palestinos deveriam concordar em retomar as negociações sem apresentar precondições. Para os palestinos, Netanyahu faz a afirmação ao mesmo tempo em que condiciona o diálogo a algumas exigências de seu governo.
Tentando quebrar o impasse, Obama disse ontem a Abbas que o momento é propício para a retomada do diálogo. Israel reduziu as restrições para a circulação de palestinos na Cisjordânia e a economia do território avançou com a ajuda dos israelenses. O governo de Netanyahu também concordou em abrandar o bloqueio à Faixa de Gaza.
Na conversa, os dois líderes abordaram possíveis vias para iniciar as conversas diretas no curto prazo, de modo que se possa chegar a um acordo que ponha fim ao conflito e estabeleça um Estado palestino viável, independente e disposto a viver em paz e segurança com Israel.
PARA LEMBRAR
O governo israelense anunciou a construção de 1.600 casas em um bairro judeu de Jerusalém Oriental - que os palestinos querem como capital de um futuro Estado - durante visita a Israel, em março, do vice-presidente americano, Joe Biden. O anúncio causou um grande constrangimento a Biden. Horas antes, ele havia elogiado israelenses e palestinos pela retomada de negociações indiretas depois de 14 meses de suspensão. O vice-presidente condenou duramente a decisão. "O anúncio é precisamente o tipo de passo que mina a confiança necessária e vai contra as conversações construtivas que tivemos em Israel", declarou Biden.
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