PUBLICIDADE

Obelisco de Buenos Aires 'some' e vira piada na internet

A extremidade foi tapada por uma caixa de metal de 3 toneladas recoberta por uma capa que imita a textura e a tonalidade do monumento

Por Rodrigo Cavalheiro - CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

Encoberta em uma intervenção do artista Leandro Erlich, a ponta piramidal do Obelisco, principal monumento de Buenos Aires, "sumiu" e motivou centenas de tuítes e comentários em tom de brincadeira no Facebook. Nas redes sociais, as referências foram para ironizar a criminalidade, que embora seja das mais baixas da América Latina - 5,5 homicídios para cada 100 mil habitantes, após Chile e Cuba, segundo a ONU - é um tema central da campanha presidencial. "Roubaram até a ponta do Obelisco. Estamos mesmo fritos", postou um tuiteiro. Outro apelou para a associação comum com o formato da torre e classificou a obra como "Obelisco judeu", em referência à circuncisão.

Alguns turistas acharam que se tratava de uma reforma, mas a ponta da torre de 67,5 metros na Avenida 9 de Julho continua no mesmo lugar. "Não roubei nada", brincou o artista na tarde dessa segunda-feira, 21, em entrevista ao canal TN. A extremidade só foi tapada por uma caixa de metal de 3 toneladas recoberta por uma capa que imita a textura e a tonalidade do monumento. Nas imagens tomadas mais de perto, é possível observar quatro ganchos que fixam o "capuz" à estrutura original desde a manhã de domingo, 20. Uma grua foi usada para concluir o trabalho.

Encoberto em uma intervenção do artista Leandro Erlich, a ponta piramidal do Obelisco, principal monumento de Buenos Aires, "sumiu" Foto: AFP PHOTO / NA / JOSE LUIS PERRINO

PUBLICIDADE

"Peguei um táxi e o motorista me explicou o que era a obra, sem saber que eu era o autor. A repercussão foi inesperada", disse Erlich, conhecido por ter exposto trabalhos de ilusão de ótica nos principais museus do mundo. Sua intenção era "mover" uma parte da estrutura para que os moradores pudessem realmente conhecer seu maior símbolo. Para isso, colocou em frente do Museu de Arte Latino-Americano (Malba), a 4,1 quilômetros do Obelisco, uma reprodução da extremidade do monumento, de 3,5 metros de base por 3,5 metros de altura. Quem entra, descobre gratuitamente como é a torre por dentro. O nome da instalação é Democracia de um Símbolo.

Em quatro janelas, vídeos de 20 minutos gravados no início do ano mostram a paisagem só conhecida por quem sobe os 206 degraus de uma escada de bombeiros interna estreita, não aberta ao público, até o topo. O interior da pirâmide posta diante do museu imita também o desleixado acabamento interno de concreto.O Obelisco, construído em 1936, recuperará sua ponta em uma semana. A estrutura diante do Malba seguirá aberta à visitação até março.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.