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Obra em espaço sagrado cria tensão em Jerusalém

Para islâmicos, objetivo israelense é prejudicar as bases das mesquitas

Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia israelense restringe nesta quarta-feira, pelo segundo dia consecutivo, a entrada de palestinos e visitantes na esplanada das mesquitas sagradas de al-Aqsa e Omar. A ação visa a evitar desordens e possibilitar escavações junto à rampa de acesso pela porta de Mugrabi, junto ao Muro das Lamentações. Só os palestinos maiores de 45 anos e com documento de identidade expedido pelas autoridades israelenses poderão entrar na esplanada para orar. Na terça-feira, quando começaram as obras para substituir a atual rampa de madeira por uma de ferro, com colunas e uma extensão de cerca de 100 metros, foram detidos 11 manifestantes palestinos em diferentes pontos da cidade. Há três semanas, arqueólogos do Departamento de Antiguidades de Israel fazem escavações no local. O Comitê Superior Islâmico (Wakf) afirma que o objetivo israelense é "solapar as bases de al-Aqsa", que fica a cerca de 70 metros dali. Apesar das declarações de personalidades israelenses, entre elas a ministra de Relações Exteriores, Tzipi Livni, de que as escavações não danificarão a mesquita porque são feitas fora da muralha, e que o principal objetivo é proteger a segurança dos visitantes, as obras também irritaram vários governos árabes. O rei da Jordânia, Abdullah II, acusou Israel de "flagrante violação" do tratado de paz entre os dois países, assinado em 1994, que reconhece ao país "direitos históricos" nos santuários venerados pelos muçulmanos em Jerusalém. O Movimento Islâmico de Israel há anos afirma que "a mesquita de al-Aqsa está em perigo". O grupo convocou protestos para a próxima sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos. As autoridades israelenses planejam um reforço da segurança. As mesquitas de al-Aqsa e Omar, famosa por sua cúpula de ouro que foi doada pelo falecido rei Hussein, da Jordânia, vêm logo depois das de Meca e Medina na hierarquia do Islã. A reconstrução da rampa de acesso à colina de Haram al-Sharif, o Monte do Templo para os judeus, também despertou críticas. Um dos motivos é a ausência do Wakf na supervisão das obras que, essencialmente, têm por objetivo proteger as pessoas que sobem a colina para observar as mesquitas. A rampa existente, de madeira, foi seriamente danificada por um tremor de terra em 2004. O Departamento de Antiguidades, por meio de seus porta-vozes, garantiu que as escavações "não têm nada a ver com al-Aqsa". A arqueóloga israelense Eilat Mazar criticou hoje a proposta de levantar no lugar da rampa d madeira "uma ponte desnecessária de mais de 100 metros, 8 metros de altura e 4 de largura, uma estrada de mau gosto que vai impedir a visão do Muro dos Lamentações".

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