Obrador aponta novas "irregularidades" nas eleições mexicanas

Enquanto o candidato trava sua batalha judicial, milhares de partidários foram às ruas denunciar a "fraude" e exigir da justiça uma apuração "voto a voto"

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Por Agencia Estado
Atualização:

O candidato de esquerda à presidência do México, Andrés López Obrador, apresentou novas evidências que supostamente comprovam práticas irregulares durante a apuração da eleição realizada no último dia 2. O partido de Obrador enviou ao Instituto Federal Eleitoral (IFE) dezenas de caixas com vídeos, propaganda de campanha e outras supostas provas de má conduta eleitoral por parte do candidato Felipe Calderón, que venceu as eleições segundo a apuração oficial. O IFE ainda não proclamou Calderón vencedor mas anunciou no último dia 6 que o candidato do Partido de Ação Nacional (PAN, que está no poder), venceu seu rival por 243.934 votos de diferença. López Obrador, no entanto, contesta a vantagem, que equivalente a 0,58 pontos percentuais. Segundo sua equipe jurídica, as provas mostram que a campanha de Calderón foi fraudulenta e que houve manipulação por parte de autoridades eleitorais. Na segunda-feira, López Obrador apresentou um vídeo de um homem supostamente colocando vários votos em uma urna. Contudo, autoridades eleitorais disseram que as imagens, na verdade, mostram um fiscal depositando votos que haviam sido entregues em urnas incorretas. O candidato também mostrou dois vídeos que mostram, segundo ele, autoridades eleitorais abrindo uma urna, e fiscais e examinando cédulas que haviam sido descartadas, a maioria delas votos a seu favor. O IFE, uma das instituições de maior prestígio do Estado mexicano, defendeu a ética nas eleições e desqualificou os vídeos com as supostas provas de fraude que López Obrador apresentou nos últimos três dias na sede de sua campanha. Manifestação de apoio Enquanto López Obrador trava sua batalha judicial para mudar o resultado das eleições, milhares de partidários do candidato protestaram nesta quarta-feira na capital do país denunciando a "fraude" e exigindo da justiça uma apuração "voto a voto". Os partidários de Obrador foram para a praça Zócalo, que fica no centro da capital do país, cidade que López Obrador governou entre 2000 e 2005. Os manifestantes procediam dos 27 distritos eleitorais da capital e de vários estados do país, em cujas cidades também estão previstas manifestações antes da grande marcha convocada para o próximo domingo. Os simpatizantes de López Obrador marcharam entre palavras de ordem como: "Não estamos sozinhos", "vamos contigo até o final" e "não aceitaremos uma fraude como a de 1988" - quando a esquerda disse ter sido vítima de irregularidades que favoreceram o então candidato Carlos Salinas de Gortari. López Obrador disse à imprensa que as manifestações, previstas nos próximos dias também em outros estados, serão "pacíficas e dentro da lei". O líder esquerdista fez a afirmação no mesmo momento em que cerca de 200 de seus simpatizantes passavam em frente a sede de sua campanha em direção ao Zócalo. "Não vamos permitir um retrocesso democrático no México e pedimos que nossos partidários hajam de forma pacífica e evitem provocações", declarou López Obrador. Voto a voto A coalizão de esquerda, liderada pelo Partido da Revolução Democrática (PRD), exige uma apuração "voto a voto" do Tribunal Eleitoral do Poder Judiciário da Federação (TEPJF), que tem como prazo o dia 31 de agosto para solucionar as impugnações e até o dia seis de setembro para proclamar o presidente eleito. O candidato do PRD afirmou que confia "no apoio do povo" e na ação dos magistrados do TEPJF para "que seja mostrado com a apuração dos votos que vencemos as eleições e que nossos adversários cometeram fraude". Com relação a estas marchas, o secretário de Governo do México - ministro do Interior -, Carlos Abascal, disse que o processo eleitoral deve continuar e reiterou que o país está em paz.

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