CIDADE DA GUATEMALA - A construtora Odebrecht pagou US$ 17,9 milhões de subornos na Guatemala para a construção de uma rodovia e a campanha presidencial do empresário Manuel Baldizón, informou na quarta-feira a procuradora-geral guatemalteca, Thelma Aldana.
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Aldana indicou que do total de subornos, a Odebrecht entregou entre 2013 e 2014 aproximadamente US$ 9 milhões ao então ministro das Comunicações Alejandro Sinibaldi para ficar com a reforma e a ampliação de uma rodovia no sudoeste, que custava US$ 300 milhões.
A obra não foi concluída, mas a Odebrecht recebeu US$ 249 milhões. Entre outros beneficiados com os subornos estão empresários e advogados, alguns já detidos pelo caso.
Segundo Aldana, que apresentou a primeira fase da investigação do caso Odebrecth na Guatemala, Sinibaldi recebeu os subornos por meio de duas empresas criadas em Antigua e Barbuda, em uma prática recorrente em sua gestão de exigir dos empresários entre 5% e 15% de comissão por projeto ou pagamento de dívida.
"Vemos operações de pagamento para dar a aparência de legalidade a empresas vinculadas com o senhor Alejandro Sinibaldi", afirmou a procuradora. Ela destacou que a rota do dinheiro foi seguida depois das declarações de testemunhas protegidas e diretores da Odebrecht com base em um acordo alcançado com a empresa.
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Para "reparar os danos", o acordo com a Odebrecht também contempla a possibilidade de que a empresa pague ao Estado guatemalteco os US$ 17,9 milhões que deu em subornos se, após o fim do contrato "de boa fé" existirem valores pendentes de pagamento a favor da empresa, entre outros "critérios".
Sinibaldi, foragido da justiça por um caso conhecido como "Construção e Corrupção," era um homem forte do ex-presidente Otto Pérez (2012-2015), preso por uma fraude alfandegária.
Ao mesmo tempo, o ex-juiz colombiano Iván Velásquez, presidente da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig), uma entidade vinculada à ONU, informou que a Odebrecht pagou ao empresário Manuel Baldizón, detido nosEstados Unidos, US$ 1,3 milhão, a maior parte para uma campanha política em 2015.
De acordo com o juiz, Sinibaldi foi a pessoa que apresentou em 2013 Baldizón a um diretor da empresa brasileira, que estabeleceu inicialmente um acordo para o pagamento de US$ 3 milhões.
Velásquez indicou que Baldizón, candidato do desaparecido partido Liberdade Democrática Renovada (Líder), exigiu os recursos da Odebrecht porque afirmou "que seria o próximo presidente da República da Guatemala".
Baldizón ficou em terceiro lugar na eleição de 2015, fora do segundo turno vencido pelo ex-comediante Jimmy Morales.
Desde sábado, Baldizón, um magnata e advogado de 50 anos, está detido em Miami, Estados Unidos, por violação de leis migratórias. No domingo ele solicitou asilo ao denunciar uma perseguição política. / AFP e EFE