OEA descarta enviar observadores para eleições em Honduras

Insulza diz que reabertura de diálogo entre Zelaya e Micheletti 'é difícil'.

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Por Claudia Jardim
Atualização:

O secretário-geral da OEA (Organização de Estados Americanos), José Miguel Insulza, descartou, nesta terça-feira, o envio de uma missão de observação para acompanhar as eleições de 29 de novembro em Honduras e sinalizou que a reabertura do diálogo que levaria à restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya, "é difícil". "Nossa decisão com respeito à observação eleitoral (é que essa) é uma coisa que não poderíamos nem sequer considerar (...), do ponto de vista político não existe nenhuma condição para enviar uma missão eleitoral a Honduras", afirmou Inzulza durante a sessão extraordinária da organização, em Washington, convocada para discutir a crise no país centro-americano. Na segunda-feira, o governo interino em Honduras havia solicitado o apoio da organização às eleições - cuja legitimidade é questionada pela esquerda hondurenha, que anunciou boicote ao pleito. O candidato presidencial Carlos Reyes, um dos candidatos apoiados pela Frente de Resistência Contra o Golpe, retirou sua candidatura. Expulsão Honduras foi expulsa da OEA logo depois que Zelaya foi deposto da Presidência por uma aliança político-militar. Uma das condições impostas pela região para que o país voltasse a integrar o sistema interamericano era o retorno da ordem constitucional do país. No entanto, no final da semana passada, Zelaya deu por "fracassado" o acordo de Tegucigalpa-San José, mediado pelos Estados Unidos, depois que o líder interino, Roberto Micheletti, decidiu nomear de maneira unilateral os integrantes do governo de coalizão previsto no acordo. A principal trava, no entanto, que acabou impedindo a concretização do acordo, foi a negativa do Congresso em votar, na semana passada, a restituição de Zelaya ao poder, ponto chave das negociações. Os parlamentares alegaram que antes de votar no plenário, queriam conhecer a opinião da Justiça, cujo parecer não tem poder de veto. Sinalizando as limitações da OEA para solucionar a crise política em Honduras, o secretário-geral da organização disse que "qualquer solução só poderá vir de Honduras" e pediu que "o Congresso se pronuncie sobre o tema da restituição de Zelaya". O embaixador da Venezuela, Roy Chaderton, criticou a organização, ao qualificar como "complexa e burlesca" a atual situação da OEA perante a crise, indicando que o organismo estaria se deixando manipular pelo governo interino de Honduras. Outros embaixadores na OEA, incluindo o representante do Brasil, voltaram a defender a restituição de Zelaya, mantendo a posição defendida na semana passada pelos países do Grupo do Rio (grupo criado em 1986 e que reúne a maioria dos países das Américas do Sul e Central). BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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