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OEA promete mandar dados a tribunal da ONU sobre abusos na Venezuela

Secretário-geral da entidade, Luís Almagro, pede implementação de novas sanções contra o governo chavista e diz que Maduro é ameaça à paz e segurança internacional

Por Jamil Chade , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

GENEBRA - O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o diplomata uruguaio Luis Almagro, enviará os novos dados ao Tribunal Penal Internacional como parte de um novo informe sobre a crise na Venezuela. Ao Estado, ele ressaltou a gravidade da crise humanitária no país. “Uma criança que nasce hoje na Venezuela tem uma expectativa de vida menor que uma criança Síria, em meio à guerra no país árabe”, disse. “Sete crianças morrem por dia com menos de um ano de idade.”

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Em um evento para debater a situação venezuelana em Genebra, o uruguaio pediu que governos estrangeiros se unam para aplicar sanções contra o regime de Nicolás Maduro, principalmente no setor de petróleo e financeiro.  "Fui acusado de beligerante quando primeiro falei da situação venezuelana e do governo corrupto e criminoso de Nicolas Maduro", lembrou. "O povo venezuelano está sofrendo diante do silêncio internacional. Hoje, é um Estado fracassado."

Em relatório recente, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, reitera avaliação de que houve 'alteração da ordem constitucional' e 'ruptura da ordem democrática' na Venezuela: entidade discutiu suspensão do país do bloco sem chegar a um acordo e Caracas decidiu abandonar a entidade Foto: EFE/Juan Manuel Herrera/OEA

O representante da OEA pediu novas sanções, mais amplas e mais fortes, contra o governo de Maduro. “As sanções são as ferramentas mais fortes que temos. Portanto, peço que governos introduzam mais sanções. As sanções não farão dano ao povo. Mas ao bolso daqueles que se apropriam do dinheiro que ficou”, defendeu. “São sanções que afetam a estabilidade financeira dos ditadores e de suas famílias. Assim conseguiremos dobrar o regime e realizar uma intervenção que possa resgatar o povo."

Na avaliação de Almagro, o governo venezuelano é hoje uma ameaça para a paz e segurança internacional, mas o diplomata evitou falar de uma ingerência militar externa na Venezuela. Segundo ele, os canais diplomáticos precisam ser esgotados, com a implementação de sanções. No entanto, o secretário-geral acredita que os governos da região não podem continuar se escondendo atras dos princípios de não intervenção.

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“Precisamos usar todos os instrumentos para colocar fim a essa opressão”, disse. “Nenhum país deve ignorar o que ocorre na Venezuela, nem ser complacentes."

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Dentre as sanções, Almagro pede que os setores de petróleo e financeiro sejam atingidos.“Temos de colocar o regime de joelhos”, disse. "As sanções devem minar  forma pela qual o regime opera, principalmente no setor financeiro, como forma de parar a possibilidade de lavar dinheiro do crime organizado”. 

Segundo ele, os números humanitários deixam claro a dimensão da crise. “Já existe um fluxo de imigrantes e refugiados maior que o fluxo de pessoas que sai hoje do Oriente Médio para a Europa”, disse, lembrando ainda dos 6,5 mil execuções sumárias. “São ditaduras com uma lógica criminal, que tem como base o crime organizado e o narcotráfico”, disse.

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Para Almagro, o processo eleitoral convocado por Maduro em abril é “ilegítimo”. “Sua eleição por mais seis anos é a pior sanção que o país poderia ter”, completou.

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