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Ofensiva contra Gaza enfurece mundo árabe

Em protesto, Síria suspende negociações indiretas de paz; manifestações também ocorrem na Europa

Por AP , Reuters e Damasco
Atualização:

Os ataques de Israel contra o grupo islâmico Hamas, na Faixa de Gaza, causaram revolta no mundo árabe, culminando na suspensão das negociações indiretas de um processo de paz entre a Síria e o governo israelense. "A agressão de Israel fecha todas as portas para um acordo na região", afirmou um funcionário do governo sírio que não quis se identificar. A declaração foi feita um dia depois de a Turquia - que estava mediando as conversações de paz - condenar os ataques em Gaza. Segundo o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, Israel usou uma "força desproporcional" no território e a ação foi um "crime contra a humanidade". Israel e Síria realizaram quatro rodadas de negociações na Turquia depois que o processo de paz foi lançado em maio. As conversas, porém, foram suspensas depois que o premiê israelense, Ehud Olmert, anunciou que deixaria o cargo no início de 2009. PROTESTOS As mortes em Gaza foram repudiadas em todo o Oriente Médio, onde ocorreram diversas manifestações contra Israel. Centenas de pessoas se reuniram em Mossul, no norte do Iraque, para queimar bandeiras israelenses. O clérigo xiita Muqtada al-Sadr criticou Israel por seus vínculos com os EUA. "O massacre de inocentes na Faixa Gaza é prova do que dizemos - tudo isso ocorre com o consentimento do governo dos EUA", afirmou o clérigo antiamericano. No Líbano, a polícia teve de usar gás lacrimogêneo para reprimir manifestantes. Manifestantes em Amã, capital jordaniana, marcharam até a Embaixada do Egito para exigir que Cairo abra sua fronteira com Gaza. O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, criticou Israel pela ofensiva e o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, emitiu um decreto religioso para que todos os muçulmanos em todas as partes do mundo defenderem os palestinos em Gaza. "Todos os combatentes palestinos e todos os devotos do mundo islâmico estão obrigados a defender as mulheres, crianças e pessoas indefesas em Gaza de todas as formas possíveis", afirmou Khamenei. "Todos os mortos nessa defesa legítima serão considerados mártires." A União Européia condenou os ataques e o chanceler britânico, David Miliband, pediu um fim imediato para a violência na região. O governo da Rússia também pediu que Israel pare de atacar Gaza. O Conselho de Segurança da ONU e o Vaticano também condenaram os ataques. A Liga Árabe convocou para quarta-feira uma reunião de emergência para discutir a situação. FRASES Muqtada al-Sadr Clérigo xiita iraquiano "O massacre de inocentes em Gaza é prova de que tudo isso ocorre com o consentimento do governo americano" Ali Khamenei Aiatolá e líder supremo do Irã "Todos os combatentes palestinos e todos os devotos do mundo islâmico estão obrigados a defender indefesos em Gaza"

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