PUBLICIDADE

Ofensiva de Israel causa crise humanitária nos territórios palestinos

Por Agencia Estado
Atualização:

Agências internacionais de ajuda afirmaram hoje que a ofensiva israelense na Cisjordânia já causou uma crise humanitária nos territórios palestinos ocupados. Algumas agências puderam só hoje distribuir alimentos e remédios na Cisjordânia desde o início da campanha israelense, há 11 dias. Diretores de grupos de ajuda afirmam que os soldados israelenses impedem a entrada de comboios em cidades palestinas e que muitos de seus funcionários palestinos estão confinados em casas devido ao cerco militar. "Trata-se de uma crise humanitária, sem dúvida alguma", afirmou Bertran Bainvel, um diretor da agência para a infância da ONU (Unicef). Entre os principais problemas, diz ele, estão a falta de água potável, a diminuição dos estoques de comida e a impossibilidade de o povo palestino de conseguir ajuda médica. Segundo o porta-voz do exército israelense, capitão Jacob Dallal, os comboios de ajuda não estão impedidos de entrar em zonas militares fechadas, mas que a intensificação dos conflitos faz com que o exército proíba a entrada em alguns casos. "Não queremos que um comboio seja baleado", disse. "Temos que assumir todas as responsabilidades". Hoje, o exército permitiu por algumas horas que comboios de ajuda entrassem em quatro cidades da Cisjordânia ainda sob o controle israelense. No entanto, Bainvel disse que o tempo dado pelos militares não permitiu que as pessoas se reabastecessem com comida e água. "Em Ramallah, todos estão lutando para levar comida para casa", disse. "Em apenas duas horas é impossível que os médicos atendam todas as pessoas que necessitam de tratamento". Segundo Bainvel, os habitantes de Ramallah estão racionando alimentos e dividindo estoques com os vizinhos. Hoje, de acordo com ele, foi possível entregar seringas, luvas cirúrgicas e outros materiais médicos ao principal hospital da cidade. Bainvel contou que muitas vezes os caminhões que transportam ajuda humanitária deixam os produtos ao lado dos pontos de checagem do exército para que as pessoas possam recolhê-los. Em um caso, um tanque em Belém apontou o canhão para um dos caminhões, mesmo com os funcionários portando uma permissão por escrito. O grupo Médicos Sem Fronteiras conclamou o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, a discutir questões humanitárias com os oficiais israelenses durante sua visita a Israel, prevista para ocorrer até o final de semana. Em Jenin, onde tem ocorrido fortes combates entre soldados israelenses e palestinos armados em um campo de refugiados, Bainvel afirmou que um dos trabalhadores de campo estimou em 28.000 o número de pessoas sem acesso a água corrente. Pela primeira vez hoje, o Programa Mundial de Alimentos conseguiu enviar um caminhão com ajuda a Belém e um outro a Ramallah. "As pessoas correm em nossa direção. Elas estão desesperadas", disse a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Jessica Barry, que ontem recebeu autorização para distribuir comida às pessoas que moram em volta da Praça da Manjedoura, em Belém. "Havia centenas de pessoas, e muitas mães desesperadas atrás de leite para seus filhos".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.