GENEBRA - Cerca de 15 mil refugiados deixaram a cidade curda de Afrin, no noroeste da Síria, desde o início da ofensiva da Turquia contra os curdos, no dia 20, informou nesta-quinta-feira, dia 1º, o conselheiro para assuntos humanitários da ONU, Jan Egeland. O Crescente Vermelho se prepara para dar abrigo e assistência a 50 mil refugiados em 5 campos instalados nas proximidades de Afrin.
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A ação militar da Turquia na Síria causou mudança nas alianças regionais. A ofensiva fez o regime de Bashar Assad defender o território curdo. Os rebeldes sírios, que lutavam contra Assad, se aproximaram dos turcos.
Metade dos cerca de 324 mil habitantes da cidade curda já havia fugido antes da ofensiva turca contra a milícia Unidades de Proteção Popular (YPG). Segundo o Crescente Vermelho, a violência em Afrin eleva o risco de morte, ferimentos e novos deslocamentos forçados entre a população – 60% dos moradores já precisavam de assistência humanitária anteriormente.
Egeland afirmou nesta-quinta-feira, dia 1º, em Genebra, que a ONU não está conseguindo distribuir ajuda humanitária em áreas sitiadas na Síria desde novembro, o que não tinha acontecido desde o início da guerra civil, em 2011.
“É o pior resultado já registrado”, disse o funcionário, pedindo que todos os lados do conflito colaborem para reduzir a violência na Síria: a Turquia, que ataca os curdos sob a justificativa de proteger sua segurança interna, além de Rússia e Irã, que apoiam as forças do presidente Bashar Assad.
Na semana passada, o Crescente Vermelho anunciou a instalação de três novos campos de refugiados nas proximidades de Azaz, a pouco mais de 50 quilômetros de Afrin. Os outros dois campos da organização ficam na Província de Idlib, onde os combates entre as forças do regime e o Exército Sírio Livre já provocaram o deslocamento forçado de 30 mil pessoas.
Avanço. A imprensa oficial da Turquia anunciou nesta-quinta-feira, dia 1º, que as tropas do país e “forças sírias aliadas” expulsaram combatentes curdos de mais um vilarejo da região de Afrin. De acordo com a agência Anadolu, 27 localidades do enclave curdo foram tomadas pelos turcos até nesta-quinta-feira, dia 1º. Segundo o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, “800 terroristas” foram mortos. Assad, por sua vez, denunciou a ofensiva turca como “uma agressão e uma ocupação” em seu país. / REUTERS e AP