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Olmert abre caminho para diálogo com o Líbano

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, declarou que vê o primeiro-ministro do Líbano, Fuad Siniora, como "um parceiro para o diálogo"

Por Agencia Estado
Atualização:

Os bombardeios israelenses e os disparos de foguetes do grupo xiita libanês Hezbollah prosseguiram neste domingo, 23, com intensidade, mas pela primeira vez os dois lados abriram caminho ao diálogo. Depois de uma reunião com seu gabinete, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, declarou que vê o primeiro-ministro do Líbano, Fuad Siniora, como "um parceiro para o diálogo". "Não estamos em guerra com o povo libanês e não temos nenhuma intenção de prejudicar sua qualidade de vida", disse Olmert. "O primeiro-ministro Fuad Siniora é um parceiro para o diálogo, e talvez isso seja possível." Seu ministro da Defesa, Amir Peretz, anunciou que Israel aceitaria o envio de uma força multinacional de paz para a fronteira entre o Líbano e Israel, para impedir as operações do Hezbollah na área. Peretz enfatizou que a meta de Israel é ver o Exército do Líbano estacionado ao longo da fronteira. Já o grupo xiita aceitou que o governo libanês - do qual faz parte - lidere as negociações para um acordo pelo qual libertaria os dois soldados israelenses que capturou em troca de Israel soltar presos árabes. O conflito começou depois que o Hezbollah invadiu Israel, no dia 12, para capturar os soldados. É a primeira vez que o grupo aceita conceder ao governo do Líbano autoridade para negociar troca de presos. Em outras ocasiões, enviados da Alemanha atuaram como mediadores. Em 2004, alemães intermediaram a troca de 400 árabes em prisões de Israel e 59 corpos de guerrilheiros por um empresário israelense e corpos de três soldados israelenses. No entanto, oficialmente Israel mantém a mesma posição: não libertará prisioneiros e só interromperá os bombardeios e retirará suas tropas de território libanês depois que os soldados forem soltos e o Hezbollah for removido das proximidades da fronteira. A chanceler Tzipi Livni insistiu que o cessar-fogo terá de ser "sem condições", bem como a libertação dos dois militares. Apoio dos EUA Segundo o diário israelense Haaretz, os EUA aprovam a continuidade da ofensiva israelense por mais uma semana e a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice - esperada amanhã em Jerusalém - só anunciaria o fim das hostilidades no próximo domingo. Os EUA apóiam a conduta de Israel no Líbano e não pediram até agora um cessar-fogo. Condoleezza se reunirá com Olmert e também com o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas. O objetivo da diplomacia americana é enfraquecer a Síria e o Irã, países que apóiam e financiam o Hezbollah. O diário americano The New York Times salientou, citando fontes no governo, que a prioridade da Casa Branca é isolar a Síria, pressionando-a de forma a romper seus laços com o Irã - o que dificultaria o envio de armamento para o Hezbollah. Pela primeira vez a Síria deu indicações de querer tomar parte nos esforços diplomáticos. Seu ministro da Informação, Mohsen Bilal, declarou a um jornal espanhol que o país agirá por uma trégua e está disposto a participar de negociações diretas com os EUA para ajudar a encerrar a luta entre Israel e o Hezbollah. Mas só pretende cooperar sob a condição de que sejam negociações amplas de paz para o Oriente Médio (incluindo a questão palestina), pelas quais Israel teria de devolver aos sírios as Colinas do Golan (ocupadas na guerra de 1967). Bilal também advertiu que a Síria intervirá no conflito se o Exército de Israel avançar mais de 20 quilômetros em território libanês, o que o deixaria muito próximo de Damasco, a capital síria. Os EUA rejeitaram a oferta síria de diálogo. No Líbano, o coordenador de ajuda da ONU, Jan Egeland, afirmou que o bombardeio israelense de um bairro no sul de Beirute onde fica a sede do Hezbollah violou a lei humanitária internacional. "É horrível. eu não sabia que eram quadras e quadras de casas (destruídas)", disse. A aviação israelense concentrou seus ataques em Beirute e na região de Sidon, no sul libanês, enquanto o Hezbollah voltou a atingir Haifa. Tropas israelenses mantiveram a ocupação do vilarejo de Maroun al-Ras, a 2 quilômetros da fronteira, mas não ampliaram a invasão do Líbano. Israel anunciou que facilitará a criação de um corredor de ajuda humanitária no Líbano.

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