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Olmert apresenta retirada da Cisjordânia como prioridade

Líder israelense diz que as fronteiras com ANP deve ser "defensável"

Por Agencia Estado
Atualização:

O líder do Partido Kadima, Ehud Olmert, que assume nesta quinta-feira o poder, apresentou ao Parlamento um programa que inclui a retirada da Cisjordânia ocupada a "uma fronteira defensável", seja negociada ou de forma unilateral. Antes de assumir suas funções, os 120 deputados da 17º legislatura terão que dar a Olmert seu voto de confiança. Caso isso aconteça, como se prevê, o líder do Kadima apresentará os membros de sua coalizão de governo ao presidente Moshé Katsav. O pedido do voto de confiança foi feito após Olmert expor as diretrizes de seu "plano de convergência" para uma retirada ao menos parcial da Cisjordânia e de suas metas destinadas a melhorar a situação sócio-econômica das classes menos favorecidas. "Devemos conservar uma sólida maioria judaica em Israel", disse Olmert ao explicar sua intenção de ordenar a retirada da Cisjordânia (Judéia e Samaria bíblicas, para os judeus) e pôr fim à colonização judaica na maior parte de seus 5.400 quilômetros quadrados. Para Olmert, a manutenção das colônias judias pode colocar o Estado judeu em perigo no futuro. "A continuação dos assentamentos isolados na Judéia e em Samaria (Cisjordânia) põe em perigo o Estado de Israel como um Estado judeu", esclareceu. Apesar desta retirada, Olmert garantiu que os grandes blocos de assentamentos judaicos da Cisjordânia continuarão sob a soberania do Estado de Israel. "As conquistas dos assentamentos em grandes núcleos populacionais continuarão sendo para sempre parte integral da soberania do Estado de Israel, junto a Jerusalém, nossa capital unida", assegurou. Olmert se comprometeu a negociar a retirada com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e pediu ao Governo palestino que "renuncie ao terrorismo". Em resposta, o porta-voz da ANP, Nabil Abu Rudeina, propôs ao novo Governo israelense "iniciar imediatamente as negociações" de paz com Abbas. No entanto, Olmert assegurou que Israel não negociará com "um Governo palestino dirigido por terroristas", referindo-se ao primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do movimento islâmico Hamas, que não reconhece a legitimidade do Estado judeu. "As futuras fronteiras de Israel com os palestinos terão que ser defensáveis e o muro de segurança (que está sendo construído em terras palestinas da Cisjordânia) se adequará a essa futura fronteira", afirmou. Olmert disse que se a ANP não cumprir as obrigações previstas pelo Mapa do Caminho para as negociações e se Israel perceber que "o tempo está se esgotando", atuará sem acordo com os palestinos "para fixar essas fronteiras defensáveis". Olmert prometeu que seu governo buscará fortalecer a aliança de Israel com os Estados Unidos e "aprofundará o diálogo com os países da União Européia" para alcançar a paz no Oriente Médio. Irã O primeiro-ministro designado pediu à comunidade internacional que "freie" o programa nuclear da República Islâmica do Irã, cujo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, ameaçou "riscar Israel do mapa". Olmert lembrou que o Irã considera Israel como um alvo a ser aniquilado, mas ressaltou que o país pode se defender caso se veja ameaçado pelo programa nuclear de Teerã. "Não devemos ignorar o que o presidente do Irã (Mahmoud Ahmadinejad) diz, pois ele acredita em tudo o que diz", afirmou. O chefe da oposição parlamentar, Benjamin Netanyahu, líder do Partido direitista Likud, pediu a Olmert que se preocupe "antes de tudo" com "a ameaça atômica do Irã", pois, na sua opinião, a comunidade internacional "não fará muita coisa" para impedi-la. Netanyahu também pediu ao novo governo que não faça uma "retirada unilateral" da Cisjordânia, isto é, sem compromissos com a ANP, "pois isso só fortaleceria os terroristas, não Israel". "Este governo começa sua gestão com o pé esquerdo e nós seremos uma oposição firme", advertiu Netanyahu, que também levantou dúvidas sobre os planos econômicos de Olmert e de sua coalizão. Depois da votação no Parlamento, Olmert e seus 24 ministros prestarão juramento e irão à residência do presidente, Moshé Katsav. Antes dos discursos do primeiro-ministro e de Netanyahu, os legisladores escolheram por unanimidade a deputada Dalia Itzik, do Partido Kadima, a primeira mulher a ser presidente do Parlamento (Knesset). O Kadima foi fundado pelo ex-primeiro-ministro Ariel Sharon após ordenar a saída de 25 assentamentos e a retirada do exército do território de Gaza, o que, segundo Olmert, foi um prelúdio de sua iniciativa para evacuar a maior parte dos assentamentos isolados da Cisjordânia. A retirada Porta-vozes do partido afirmaram que o número de evacuados na Cisjordânia pode chegar a 70 mil israelenses, de dezenas de assentamentos, uma missão vista como "complexa e arriscada". Para realizar esta missão, Olmert, de 61 anos, terá que enfrentar uma dura oposição de todos os partidos da direita nacionalista, também dentro de sua coalizão, e de parte do partido ortodoxo Shas. Por este motivo, o Kadima ainda tenta ampliar sua coalizão parlamentar com outros dois partidos dos 12 que participam da legislatura: o Judaísmo da Bíblia, com 6 cadeiras, e a frente pacifista Meretz, com 5 cadeiras. Ao apresentar seu Gabinete Nacional à 17º legislatura parlamentar, com 24 ministros de Estado, a coalizão estava formada por Kadima, o partido Trabalhista, o partido ortodoxo Shas, e o Partido dos Aposentados (Gil), que reúnem 67 de seus 120 deputados.

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