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Olmert e Blair querem novo diálogo com a ANP

Os líderes trocaram publicamente elogios em um momento de dificuldades internas para ambos

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e seu colega britânico, Tony Blair, se reuniram neste sábado em Jerusalém para tentar dar um novo impulso ao processo de paz no Oriente Médio com os palestinos, mas também para trocar publicamente elogios em um momento de dificuldades internas para ambos. Olmert disse, na entrevista coletiva posterior ao encontro com Blair em sua residência, que está disposto a se reunir com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e "cooperar estreitamente com ele para aplicar o ´Mapa de Caminho´". "Quero fazer avançar o diálogo com o povo palestino", afirmou o primeiro-ministro de Israel ao abrir a entrevista coletiva. Mais adiante, declarou que a libertação do soldado Gilad Shalit, mantido refém em Gaza, não é uma condição prévia à reunião, e que, inclusive, o encontro com Abbas possa ajudar a resolver a situação. Olmert advertiu, no entanto, que a libertação de Shalit é "a prioridade número um de Israel", e que não pode haver progressos notáveis no processo de paz até que o oficial seja libertado. Blair viaja precisamente a Ramala neste domingo para se reunir com Abbas. Apesar de o primeiro-ministro do Reino Unido já ter anunciado que abandonará o poder dentro de um ano - conseqüência indireta da impopularidade de sua política externa -, Olmert ressaltou que para Israel o dirigente continua sendo um aliado importante e admirado. "A história lembrará e agradecerá contribuições suas", disse Olmert, fazendo referência em particular aos esforços de Blair para deter o avanço do programa nuclear iraniano. "Avalio seus conselhos e propostas, e sua ajuda é de grande importância para que o diálogo com os palestinos avance. Seguirá desempenhando um papel crucial" neste ano que lhe resta, acrescentou Olmert, que também enfrenta críticas internas pela forma com que conduziu o conflito com a milícia xiita libanesa do Hezbollah. O dirigente israelense encerrou sua lista de elogios dizendo que "Israel seja talvez o país mais ameaçado por terroristas", e que por isso aprecia os "lideres, que, embora não sejam populares, mostram a cara e defendem princípios importantes para a civilização". Blair também fez comentários amistosos. "Rendo homenagem ao caráter" de Olmert durante a guerra do Líbano, disse. "Só quando alguém se vê obrigado a tomar esse tipo de decisões é que compreende o peso de cada uma delas", acrescentou o britânico. O dirigente se antecipou também às críticas dos palestinos que protestaram por sua visita ao Estado judeu porque se alinhou com Israel e EUA e bloqueou um acordo de cessar-fogo no Líbano até que fossem estabelecidas condições que garantissem sua duração. Um grupo de intelectuais e políticos palestinos escreveu uma carta aberta a Blair acusando-o de viajar a Israel para "lavar com água palestina o sangue libanês". "O que aconteceu no Líbano é terrível, e quero expressar minha simpatia a todos os que sofreram perdas", declarou Blair. A primeira pergunta feita a Blair na entrevista dizia respeito ao preço político pago por ele pela aliança com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. "Não acho que tenha sido um erro ter ficado lado a lado com os EUA depois do 11 de Setembro", avaliou. O líder britânico afirmou que segue convencido de que existe uma ameaça terrorista global e de que "há um laço entre o 11 de Setembro, os atentados de Madri, os de Londres e os do Iraque e do Afeganistão, onde há Governos democráticos que estão sendo ajudados".

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