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Olmert ignora pedido de reavaliação das obras em Jerusalém

Ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, havia pedido ao premier israelense que reconsiderasse as escavações na cidade, para diminuir a violência no local

Por Agencia Estado
Atualização:

A agência de notícias Reuters publicou nesta quinta-feira que o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, menosprezou o pedido de ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, para que as escavações em Jerusalém fossem reavaliadas. Peretz havia pedido a Olmert que interrompesse as obras de construção de uma rampa de acesso à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, por temer que a situação com os palestinos e as críticas do mundo árabe se agravem. Olmert informou à Reuters que Peretz não pediu interrupção das obras, mas sim que o plano fosse pensado para evitar mais violência. Peretz se dirigiu a Olmert por meio de uma carta, da qual informa nesta quinta-feira o jornal Ha´aretz e na qual foi incluída uma opinião do general da reserva Amos Gilad, chefe do escritório político-militar do Ministério da Defesa, que afirmava que as obras na rampa, a cerca de 60 metros da mesquita de Al-Aqsa, estavam criando um enorme ódio no mundo árabe. A carta diz ainda que a situação é particularmente delicada no momento atual, quando Israel tenta pôr em prática uma série de medidas para acalmar a situação com os palestinos e o mundo árabe. Segundo o jornal, Gilad destaca que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e seu primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, estão próximos de um acordo no encontro em Meca (Arábia Saudita) para constituir um governo de união nacional. Gilad ainda cita a reunião entre Olmert e Abbas, prevista para o dia 19, e a visita que a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, fará à região. O general se mostrou preocupado com o projeto não ter sido realizado em conjunto com a Jordânia, que ostenta direitos históricos sobre os locais sagrados islâmicos em Jerusalém, segundo o Acordo de Paz assinado entre os dois países em 1994. O jornal afirma que Peretz soube da notícia do início das obras no dia em que elas começaram, e que a decisão não foi suficientemente tratada com ele. O secretário militar de Olmert, general Gad Shamni, e o assessor de Peretz, Eitan Dangot, se reuniram na quarta-feira para analisar o projeto e as objeções do ministro da Defesa. O Escritório do Primeiro-ministro afirmou que "a reforma no acesso à Esplanada (...) foi feita em total acordo com todas as partes, incluindo países estrangeiros, representantes muçulmanos relevantes e organismos internacionais". "Como foi explicado, as obras são realizadas fora do Monte do Templo (Esplanada das Mesquitas) e não causam nenhum dano ao Monte ou aos locais sagrados para o Islã", acrescenta o comunicado do Escritório do Primeiro-ministro. As obras estão provocando muitos protestos entre os palestinos e no mundo muçulmano, onde são vistas como uma tentativa disfarçada de destruir as mesquitas aos poucos, embora os arqueólogos israelenses afirmem que os trabalhos são realizados de acordo com as normas internacionais e que não há intenções ocultas. O acesso à Esplanada das Mesquitas, onde se localizam os santuários muçulmanos de Omar e Al-Aqsa (o terceiro local mais sagrado do Islã, depois de Meca e Medina) e que é chamada pelos judeus de Monte do Templo, ficou restrito desde terça-feira, temendo distúrbios que pudessem ocorrer devido às obras.

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