Olmert propõe uma definição mais ampla do sionismo

Para o primeiro-ministro de Israel, sionista é "todo aquele que acredita no direito do povo israelense a um Estado judeu soberano em parte da Terra (bíblica) de Israel", contrariando a definição clássica que inclui a obrigação do judeu emigrar para Israel

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, propôs uma nova definição do sionismo, mais ampla e que se afaste da original, durante um polêmico simpósio organizado por militantes do setor ultranacionalista e colonos dos assentamentos judaicos. Segundo a edição desta quarta-feira do jornal Yedioth Ahronoth, Olmert define como sionista "todo aquele que acredita no direito do povo israelense a um Estado judeu soberano em parte da Terra (bíblica) de Israel". Em nenhum momento a definição de Olmert se refere ao fato de os judeus serem obrigados a se estabelecer em Israel, conforme uma premissa do sionismo clássico. "Esta definição ampla do sionismo é essencial para manter a coesão interna da sociedade israelense", acrescentou o chefe do governo, um dos que apoiaram o ex-primeiro-ministro Ariel Sharon na retirada da Faixa de Gaza e do norte da Cisjordânia há cerca de um ano, o que representou o desmantelamento de 25 assentamentos e o despejo de 8.500 colonos. Definição clássica A definição clássica do sionismo - movimento de libertação do povo judeu, que tomou seu nome do monte Sion de Jerusalém e que surgiu no fim do século XIX na Europa sob a liderança do jornalista Teodor Herzl - inclui a obrigação de emigrar a Israel, o que apenas cerca de 30% dos israelitas dispersos pelo mundo fizeram desde a criação do Estado, em 1948. Os partidos da direita ultranacionalista, na oposição parlamentar, e os colonos, alguns de cujos porta-vozes chegaram a promover uma "cisão" do Estado judeu após a evacuação de Gaza e de parte da Cisjordânia (Samaria e Judéia), sob o argumento de não-representação, consideram que o objetivo do sionismo é colonizar toda a "Terra Prometida" aos hebreus, segundo a Bíblia. "Os intrusos nessa terra não somos nós, mas os palestinos", consideram alguns. Os radicais palestinos, como o Hamas, sustentam exatamente o contrário, afirmando que Israel foi fundado "em territórios sagrados do Islã". Olmert assinalou aos potenciais "separatistas", que inclusive chegaram a desacatar os chefes militares durante a evacuação de Gaza, que os setores da esquerda sionista, opostos aos assentamentos por considerá-los um obstáculo à paz com o povo palestino,respeitaram as decisões do governo e das Forças Armadas, aos quais prestam serviços todos os setores. A comunidade sionista religiosa, à qual pertence a maior parte dos 220 mil colonos assentados na Cisjordânia, "viveu com profunda dor a difícil experiência de ter de reconciliar-se com a cessão (aos palestinos) de territórios e assentamentos, mas devemos compreendê-los e entabular um diálogo honesto com ela", disse Olmert. A comunidade religiosa do setor ultranacionalista se diferencia ideologicamente da ultra-ortodoxa, cujos membros, que vestem preto em sinal de luto pela destruição do antigo templo de Jerusalém, há mais de 2 mil anos, renegam o sionismo e o Estado israelense. Os ortodoxos acham que a redenção do povo israelita, disperso desde que Roma destruiu o Templo do Rei Salomão em 70 d.C. será a obra do messias que continuam aguardando. No entanto, parte dos fundamentalistas que participam do jogo democrático e não tem reivindicações nos territórios requeridos pelos palestinos, contam com deputados no Parlamento, e com freqüência integram coalizões de governo, para assegurar o orçamento destinado a seus membros - a maioria de classe baixa - e suas instituições educacionais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.