Olmert, sob pressão, decide renunciar

Acusado de corrupção, líder israelense vai deixar o poder em setembro

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Por REUTERS e AP E AFP
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Pressionado por um escândalo de corrupção, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, anunciou ontem que não concorrerá às eleições primárias de seu Partido Kadima, que serão realizadas em 17 de setembro, e deixará o poder. "Quando o novo líder (do Kadima) for eleito, renunciarei como primeiro-ministro para permitir a formação de um novo governo rápida e efetivamente", anunciou Olmert em um breve discurso, esforçando-se para conter as lágrimas. Tentando explicar sua decisão, Olmert disse que sua família está sendo afetada pelas acusações de corrupção contra ele. O premiê assegura que é inocente e disse em várias ocasiões que renunciaria se fosse indiciado por corrupção. O Partido Trabalhista ameaçara deixar a coalizão de governo, o que forçaria a realização de eleições parlamentares antecipadas. Consciente de que o opositor Partido Likud, de Binyamin Netanyahu, poderia chegar ao poder, Olmert acabou concordando com a realização de primárias no Kadima. Mas sua imagem estava tão afetada pelas acusações de corrupção e pelas críticas sobre o modo como conduziu a guerra com o grupo xiita libanês Hezbollah, em 2006, que a decisão de ontem não causou surpresa. "Investigar é o dever da polícia e o da promotoria é instruir a polícia. O primeiro-ministro não está acima nem abaixo da lei", declarou Olmert. Ele está sendo investigado pelas acusações de ter recebido ilegalmente US$ 150 mil do empresário americano Morris Talansky e de ter pedido dinheiro a vários órgãos do governo para as mesmas viagens ao exterior quando era prefeito de Jerusalém. A decisão do premiê de não participar das primárias e de renunciar provoca uma incerteza política em Israel e põe em dúvida o futuro das negociações de paz que ele conduz com os palestinos e a Síria (mais informações ao lado). Quatro membros do Kadima, entre eles a chanceler Tzipi Livni e o ministro dos Transportes, Shaul Mofaz, já iniciaram suas campanhas para as primárias. Se o sucessor de Olmert como líder do partido centrista conseguir formar uma coalizão, pode haver um novo governo em outubro. Caso contrário, as eleições parlamentares serão antecipadas. Analistas consideram que a formação de um novo governo será um desafio que poderá ser prolongado e complicado por causa das grandes divisões no Parlamento. O ministro dos Transportes, que está em visita oficial aos EUA, disse ontem que Olmert tomou a decisão certa e o Partido Kadima tem agora "a grande responsabilidade de escolher o próximo primeiro-ministro". Uma pesquisa do Canal 10 da TV de Israel indica que 77% dos israelenses estão insatisfeitos com o legado de Olmert, que assumiu o cargo em janeiro de 2006, depois que o então premiê Ariel Sharon sofreu um derrame e entrou em coma. DISPUTA NO KADIMA Tzipi Livni: A chanceler é a favorita para suceder a Olmert na liderança do Kadima. Tzipi foi agente do Mossad e teve uma carreira meteórica desde que entrou no Parlamento, em 1999. Seus críticos dizem que ela não tem a experiência militar e política para conduzir o país. Shaul Mofaz: O ministro dos Transporte é o segundo mais cotado. É creditado ao ex-chefe de Estado-Maior a transformação do Exército israelense em uma das principais forças de combate do Oriente Médio. Avi Dichter: O ministro de Segurança Pública foi diretor do Shin Bet, serviço de inteligência interno, até 2005. Meir Sheetrit: Ministro do Interior, defende diálogo com o Hamas se o grupo palestino renunciar ao objetivo de destruir Israel.

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