OLP critica menção de Jerusalém Oriental em visita de Bolsonaro a Israel

Integrante do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina diz que área é 'território palestino ocupado' na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e que os palestinos são 'descendentes da tradição cristã mais antiga'

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Por Redação
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JERUSALÉM - A integrante do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Hanan Ashrawi considerou neste sábado, 30, que é "totalmente inaceitável" que o gabinete do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, incorpore a visita que ele fará a Jerusalém Oriental como parte de sua estadia oficial em Israel.

O programa da visita de Bolsonaro, que começa no domingo, 31, indica que o presidente visitará na próxima segunda a basílica do Santo Sepulcro, o templo mais sagrado para o cristianismo, e o Muro das Lamentações, o lugar de culto mais sagrado para os judeus, como parte de sua visita a Israel.

Bolsonaro conversa com seu vice, Hamilton Mourão, antes de partir para Israel, onde fará visita oficial de quatro dias Foto: Alan Santos/PR

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"Jerusalém Oriental é um território palestino ocupado", declarou Hanan, que condenou especialmente o fato de o gabinete de Bolsonaro mencionar sua visita ao Santo Sepulcro como parte da sua estadia em Israel, e assinalou que os palestinos são "os descendentes da tradição cristã mais antiga", com cerca de 2 mil anos de história.

Oficialmente, o Brasil não reconhece a soberania israelense sobre Jerusalém Oriental e Cisjordânia, territórios ocupados desde a Guerra dos Seis Dias em 1967.

Bolsonaro chegará domingo a Israel com uma comitiva integrada por vários ministros, deputados, senadores e militares para uma estadia oficial de quatro dias, na qual se reunirá com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, com quem tem uma sintonia muito boa e deve firmar vários acordos bilaterais em diferentes áreas.

Além disso, como se insinuou há poucos dias, é esperado que Bolsonaro anuncie a possível abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, o primeiro passo antes de decidir se transferirá ou não a embaixada do Brasil para a cidade, o que pode trazer problemas para a relação do País com os palestinos, que reivindicam Jerusalém Oriental como a capital de seu futuro Estado.

Hanan disse que vê com preocupação tal possibilidade e acrescentou que as autoridades palestinas não receberam nenhuma oferta para se reunir com o governo brasileiro, apesar da visita do presidente à região.

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A dirigente palestina também advertiu que Bolsonaro não deveria seguir os passos do presidente americano, Donald Trump, que no fim de 2017 reconheceu Jerusalém como capital de Israel, onde em maio do ano passado inaugurou a embaixada dos EUA, em uma polêmica mudança que rompeu com o consenso internacional sobre a Cidade Sagrada. / EFE