Onda de conflitos não ameaça governo Morales, diz relatório

PUBLICIDADE

Atualização:

A Bolívia, um dos países mais instáveis da América Latina, viveu quase um conflito por dia no primeiro semestre, mas, ao contrário do que ocorria em anos anteriores, a estabilidade do governo não parece em risco, segundo uma análise independente publicada na quarta-feira. Os 156 conflitos registrados entre janeiro e junho, com três mortos e mais de 250 feridos, foram principalmente "turbulências territorializadas", que "não põem em risco a continuidade do governo" de Evo Morales, de acordo com o relatório da Fundação Unir, financiada internacionalmente. O chamado "Informe de Conflitividade" avalia que a tensão provocada pela possibilidade de transferência da sede de governo de La Paz para Sucre se inscreve no âmbito de um problema entre Morales e a oposição, formada por políticos, dirigentes cívicos e governadores regionais. O texto diz que essa mesma oposição de direita provocou em janeiro passado um conflito no Departamento de Cochabamba (centro) que fez dois mortos, por causa da rejeição dos movimentos sociais, simpáticos ao governo, a uma proposta do governador local para que houvesse um novo referendo sobre a autonomia regional. "As turbulências territorializadas não geram crise de governabilidade nem a quebra do sistema democrático", afirmou César Rojas, um dos autores do estudo. "Nenhum conflito pôs em sério risco a continuidade do governo. A Bolívia está longe de uma crise política resolutiva", como as que provocaram as sucessivas quedas dos presidentes neoliberais Gonzalo Sánchez de Lozada e Carlos Mesa, em 2003 e 2005, respectivamente, segundo ele. A demanda por autonomia, que triunfou em apenas quatro dos nove Departamentos bolivianos num referendo realizado há pouco mais de um ano, se manteve como pano de fundo de muitos dos conflitos dos últimos meses, segundo a Unir. O relatório destacou também que, bem acima dos 26 conflitos por mês registrados no primeiro semestre, a média no governo de Carlos Mesa era de 51 problemas por mês. (Carlos Alberto Quiroga)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.