Onda de protestos abala governo paquistanês

Presidente tenta vetar distúrbios, mas advogados e grupos de oposição enfrentam polícia nas principais cidades do país; crise preocupa EUA

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Por Reuters , The Guardian e ISLAMABAD
Atualização:

Advogados e movimentos de oposição voltaram a entrar em choque ontem com a polícia em várias cidades do Paquistão, apesar da proibição às manifestações imposta pelo governo. Os manifestantes exigem que o presidente Asif Ali Zardari restitua os juízes exonerados pelo ditador Pervez Musharraf, que deixou o poder em 2007, e garanta um Judiciário independente no país. Já conhecida como "a longa marcha", a onda de protestos iniciada em Karachi no mês passado chegou na segunda-feira à capital, Islamabad. A demonstração pode abalar ainda mais o frágil governo de Zardari, que tenta - sem sucesso - conter o aumento da militância islâmica no Paquistão com forte auxílio de Washington. O estopim dos recentes distúrbios foi a decisão da Suprema Corte, no mês passado, de proibir o líder do partido oposicionista Liga Islâmica, o ex-premiê Nawaz Sharif, e seu irmão de concorrerem a cargos eletivos. Seu partido também foi retirado do governo de Punjab, província mais populosa do país, por decisão do presidente. Aliados, os advogados, Sharif e outros grupos de oposição convocaram, então, uma onda nacional de protestos. Eleito democraticamente, o governo desautorizou a maior parte das manifestações e até agora já prendeu mais de 360 pessoas. Ao jornal The Guardian, Sharif disse que o atual governo é uma "ditadura eleita" e denunciou planos para assassiná-lo. Em Karachi, maior cidade paquistanesa, centenas de manifestantes que tentavam em motonetas e ônibus ir a Islamabad protestar foram impedidos de seguir pela polícia. "Por que um governo democrático está esmagando uma manifestação pacífica?", perguntou o comerciante Naeem Qureshi. "Não há diferença entre isso e um regime com lei marcial." Preocupado com a desestabilização do aliado-chave na luta contra a Al-Qaeda e o Taleban, Washington tenta mediar a crise entre Zardari e a oposição. Ontem, o enviado para a região da Casa Branca, Richard Holbrooke, telefonou ao presidente e a Sharif. ATAQUE AMERICANO Autoridades paquistanesas afirmaram que pelo menos 12 pessoas morreram em bombardeio dos EUA a uma casa supostamente usada por militantes islâmicos, no oeste do Paquistão. O míssil teria sido disparado por uma aeronave não-tripulada. REVOLTA Naeem Qureshi Comerciante "Por que um governo democrático está esmagando uma manifestação pacífica? Não há diferença entre isso e um regime com lei marcial"

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