Onda de violência deixa 48 mortos na Somália

Segundo testemunhas, os confrontos entre militantes islâmicos e seculares se estenderam por várias partes da capital somali

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 48 pessoas morreram em novos episódios de violência ocorridos nesta quinta-feira em Mogadiscio, capital da Somália, informaram fontes médicas e um senhor da guerra. De acordo com informações colhidas junto aos principais hospitais da cidade, o número de mortos subiu de 38 para 48 nos choques ocorridos entre milícias islâmicas e seus rivais seculares e em outros episódios relacionados. Entretanto, Abdi Ibrahim Jiya, da Associação dos Médicos da Somália, comentou que o número de mortes deve ser maior, pois acredita-se que muitos civis não tenham conseguido chegar aos hospitais. Ali Mohamed Siyad, líder de uma milícia islâmica, informou que seu grupo armado perdeu oito combatentes. Enquanto isso, os hospitais Medina e Keysaney atenderam mais de 90 feridos. A violência em Mogadiscio fez com que milhares de moradores assustados fugissem da capital de um país que subsiste há 15 anos sem um governo central efetivo. Maior confronto Num dos incidentes ocorridos hoje, um morteiro atingiu a ala de pronto-socorro do Hospital Medina, provocando a morte de um paciente e ferindo mais dois, informou o doutor Sheikhdon Salad Elmi. De acordo com testemunhas, a violência das últimas semanas aflige Mogadiscio de um extremo ao outro da cidade. Trata-se do maior conflito em 14 anos na capital somali - e também um dos mais mortíferos. De acordo com moradores da cidade, esta é a primeira vez desde 1992 que os confrontos ocorrem no mesmo dia em pontos distintos de Mogadiscio. O conflito persiste apesar de senhores da guerra islâmicos e seculares terem acertado um cessar-fogo em 14 de maio. No início do mês, oito dias de violência resultaram na morte de mais de 140 pessoas. Guerra civil A Somália se afundou no caos a partir de 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre e depois voltaram-se uns contra os outros. Desde então, o país encontra-se sem um governo central. A situação na Somália assemelha-se ao que ocorreu no Afeganistão. As milícias islâmicas são acusadas de laços com a rede extremista Al-Qaeda e as forças seculares de receber ajuda dos Estados Unidos. Os fundamentalistas islâmicos apresentam-se como uma força alternativa capaz de levar ordem ao país. Da mesma forma, o Taleban construiu sua base de apoio no Afeganistão mantendo a ordem com mão de ferro depois de anos de violência generalizada em meio a um conflito entre senhores da guerra locais após a queda do governo comunista. A Somália possui um governo provisório apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que está sediado em Baidoa, 250 quilômetros a noroeste de Mogadiscio. Entretanto, a administração não tem conseguido exercer autoridade em mais nenhum lugar do país, em parte por causa do conflito e também porque os líderes islâmicos o rejeitam por ser um governo que se baseia no Islã.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.