ONG acusa governo americano de coagir imigrantes a abrirem mãos de reencontrar filhos
União Americana pelas Liberdades Civis apresenta a tribunal dezenas de casos de pais que assinaram formulários que, acreditavam, permitiria que se encontrassem com os filhos quando, na verdade, estavam fazendo o oposto: renunciando a este direito
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Por Redação
Atualização:
WASHINGTON - Algumas semanas atrás, funcionários do Departamento de Imigração dos Estados Unidos pediram para um cidadão da Guatemala - que fala principalmente a língua maia Akatek, não tem qualquer conhecimento de inglês, mal entende espanhol e é completamente analfabeto - assinar uma folha de papel escrita apenas no principal idioma do país.
Ao ser informado por um advogado que aquele papel era um formulário no qual abria mão do direito de realizar seu único sonho - se reunir com a filha de 8 anos, de quem foi separado na fronteira com o México, em maio -, ele ficou chocado.
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Relatos como o deste guatemalteco têm se espalhado nos EUA, com muitos pais dizendo terem sido convencidos a assinar papéis que, acreditavam, permitiria que eles se encontrassem com os filhos quando, na verdade, estavam fazendo justamente o oposto: renunciando a este direito.
"Para um pai, disseram que se ele não assinasse o formulário ele nunca mais poderia ver sua filha", afirmou a advogada Kathryn Shepherd, em depoimento judicial.
Política de ‘tolerância zero’ de Trump separa famílias na fronteira
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Segundo os defensores dos imigrantes, em vários casos seus clientes foram colocados em salas com dezenas de pessoas, tendo apenas alguns minutos para preencher formulários que determinariam se eles se reuniriam com seus filhos ou os deixariam para trás nos Estados Unidos. Muitos assinaram os papéis por medo, confusão ou crença de que não tinham outra escolha.
Lee Gelernt, da ACLU, diz que os procedimentos migratórios foram conduzidos de "maneira enganosa e coercitiva", criando um processo caótico de reunificação.
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"Há evidências esmagadoras de que os pais assinaram formulários que não entendiam”, escreveu Gelernt. "Os pais simplesmente não tinham ideia do que estavam assinando ou concordando em fazer oralmente."
Luis Cruz, advogado que auxilia imigrantes no Novo México, disse ter conversado com cinco pais que estão na lista elaborada pelo governo com pessoas que renunciaram ao direito de se reunirem com os filhos.
"Todos os cinco disseram que querem se reunir com as crianças", escreveu Cruz em uma declaração juramentada que faz parte do processo judicial da ACLU.
"Todos os cinco disseram que não sabem ler ou escrever em espanhol ou inglês. E todos disseram que não tiveram oportunidade de questionar o documento", continua o defensor. "Todos descreveram sentir-se sem esperança e acreditar que não tinham alternativa a não ser assinar o formulário." / WASHINGTON POST