
19 de outubro de 2009 | 13h21
A invalidação de votos ordenada nesta segunda-feira, 19, pela Comissão de queixas Eleitorais da ONU nas eleições do Afeganistão diminuiu a quantidade de votos do presidente Hamid Karzai para 48%, o que o obrigaria a enfrentar o ex-ministro de Relações Exteriores Abdullah Abdullah em um segundo turno, informou a organização International Democracy, segundo a agência de notícias AFP.
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O órgão americano indicou que os números divulgados pela Comissão de Queixas demonstram que quase 1,3 milhão de votos emitidos em 20 de agosto eram inválidos, afetando os índices registrados a favor de Karzai, inicialmente de 54%
Após as investigações sobre as fraudes, a porcentagem de votos para Abdullah aumentou para quase 32%. Anteriormente, o candidato de oposição havia conseguido apenas 28%.
A Comissão de Reclamações Eleitorais completou sua investigação na semana passada sobre acusações de fraudes generalizadas e intimidação nas eleições de 20 de agosto. A Comissão Eleitoral Independente, porém, rejeitou os dados, segundo os funcionários. Esse grupo é controlado por aliados de Karzai. Um porta-voz do presidente disse que ele não se comprometerá a aceitar as conclusões até que elas sejam publicamente divulgadas. Isso ampliou o temor de que Karzai se recuse a ir para um segundo turno.
O atraso na formação do governo, na opinião dos EUA, dificulta o combate à crescente insurgência do Taleban no país. Pode haver também uma crise política. No fim de semana, centenas de partidários de Karzai protestaram no sul, pedindo a divulgação rápida dos resultados e afirmando que rejeitariam um segundo turno.
A Casa Branca informou que o presidente Barack Obama não enviará mais tropas ao Afeganistão até que um governo "confiável" esteja atuando no país. O ministro de Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, e o senador americano John Kerry estiveram em Cabul neste fim de semana para tentar resolver o impasse.
Conclusões
A Comissão de Queixas enviou o resultado das análises para a Comissão Independente nesta segunda-feira. "Agora que temos os resultados da Comissão de Queixas, esperamos que a Comissão Independente implemente as ordens dadas e se mobilize para certificar os resultados finais ou realizar um segundo turno, conforme manda a lei afegã", disse Aleem Siddique, um porta-voz da ONU em Cabul.
Não está claro o que pode ocorrer se a comissão eleitoral continuar a rejeitar o relatório. Um porta-voz da campanha de Abdullah disse que a comissão da ONU está "sob ameaça" de Karzai. "As negociações continuam, mas não há acordo." Um porta-voz da campanha de Karzai negou qualquer interferência do presidente.
(Com Agência Estado)
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