ONG pede que Grécia proteja crianças imigrantes detidas sem os pais

Segundo a Human Rights Watch, 331 crianças estão encarceradas em celas de delegacias ou centros de detenção sozinhas e sem condições de higiene

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Por Redação
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PARIS - A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta terça-feira, 14, que a Grécia está mantendo centenas de crianças imigrantes em detenção, desacompanhadas e em condições insalubres. A organização exigiu que o país europeu encontre alojamentos que protejam as crianças diante da pandemia do novo coronavírus.

Segundo dados citados pela HRW, no dia 31 de março, 331 crianças estavam detidas em celas de delegacias ou centros de detenção insalubres pelo país mediterrâneo.

Homem carrega o filho enquanto desembarca de um bote após cruzar parte do Mar Egeu em um bote. Foto: REUTERS/Alkis Konstantinidis

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"Livres das condições abusivas de detenção, estariam melhor protegidas de uma infecção no contexto da pandemia de coronavírus", escreveu a ONG em um comunicado endereçado ao primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, com o pedido de que as crianças fossem transferidas a um alojamento seguro e adaptado.

"Manter crianças encarceradas em celas sujas em delegacias de polícia sempre foram um erro, mas agora também as expõe ao risco de infecção por covid-19", disse Eva Cossé, investigadora da Human Rights Watch na Grécia.

A ONG lamenta especialmente a falta de higiene dos centros de detenção, o que tornaria impossível a "aplicação de medidas básicas para combater o coronavírus", e a detenção arbitrária e prolongada das crianças. "Com frequência as crianças não têm acesso a cuidados médicos, apoio psicológico ou assistência jurídica. Poucos deles conhecem os motivos de suas detenções."

Na semana passada, a Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) pediu à Grécia que protegesse a três imigrantes, incluindo dois menores desacompanhados, que haviam entrado com uma ação no tribunal sobre as condições de vida nos acampamentos de refugiados, locais insalubres e superlotados, tendo em vista a pandemia.

A Corte determinou que autoridades gregas transferissem os três ingressantes da ação, ou, pelo menos, garantissem a eles um alojamento compatível com a convenção europeia de direitos humanos, que proíbe o "trato desumano ou degradante".

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Cerca de 100 mil solicitantes de asilo vivem atualmente na Grécia, 70 mil deles nos 38 acampamentos, segundo as autoridades do país. Dois desses campos de refugiados, localizados na parte continental, foram postos em quarentena após a confirmação de aproximadamente 30 casos de covid-19./ AFP

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