ONG Repórteres Sem Fronteiras pede libertação do Nobel Liu Xiaobo

Organização publicou hoje sua nona edição do ranking anual de liberdade de imprensa por país

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Por Efe
Atualização:

PARIS- A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu nesta quinta a libertação do dissidente chinês prêmio Nobel da Paz, Liu Xiaobo e fez uma advertência a Pequim. A organização também denunciou a impunidade no México e destacou os avanços da América Central e do Brasil em relação à liberdade de imprensa.

 

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A associação publicou hoje sua nona edição da classificação anual da liberdade de imprensa, com a análise de 200 países, na qual afirma que "mais do que nunca observamos que desenvolvimento econômico, reforma de instituições e respeito dos direitos fundamentais não andam juntos".

 

Após pedir a libertação do prêmio Nobel da Paz deste ano, a RSF advertiu que a China corre "o risco de entrar em um beco sem saída" e prestou homenagem à "determinação dos defensores dos direitos humanos, jornalistas e blogueiros que no mundo defendem com coragem o direito de denunciar, e cuja sorte sempre ocupa nosso pensamento".

 

México, junto a Afeganistão, Paquistão e Somália, são países "abertamente em guerra, as situações de caos se tornam eternas, ancoradas em uma cultura de violência e de impunidade onde a imprensa é um dos principais alvos", segundo a RSF.

 

O relatório destaca também que, pela primeira vez desde a criação da classificação anual, em 2002, Cuba não faz parte dos dez últimos, embora ocupe o 166º lugar.

 

"Esta progressão se deve principalmente à libertação de 14 jornalistas e 22 militantes durante o verão de 2010. No entanto, a situação no país não evoluiu muito, a censura e a opressão são ainda cotidianas para os dissidentes políticos e os profissionais da informação", afirma a RSF.

 

Na América Latina, após Cuba, o país mais atrasado é a Colômbia (no 145º lugar), seguido de México (136º), Venezuela (134º), Peru (109º), Bolívia (104º) e Equador (102º).

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A República Dominicana ocupa o posto 97, seguido da Nicarágua (83º), Guatemala (77º), Brasil (58º), Argentina (55º), Paraguai (54º), El Salvador (51º), Uruguai (38º), Chile (33º) e Costa Rica (29º).

 

Os Estados Unidos ocupam o 20º lugar, seguidos do Canadá, o que os transformam nos países da América mais bem colocados.

 

Desenvolvimento econômico

 

Crescimento econômico "não significa liberdade de imprensa, apesar do desenvolvimento econômico dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) ser muito similar, a classificação 2010 revela que existe uma grande disparidade entre as situações da liberdade de imprensa", afirma o relatório.

 

Nesse contexto, o documento indica que o Brasil desfruta de uma importante evolução, ascendendo 13 lugares em relação a 2009, enquanto a Índia caiu 17 posições e ficou no lugar 122, e a Rússia é o 140º colocado.

 

Quanto aos 27 países-membros da União Europeia, 13 se encontram nos 20 primeiros lugares; 14 estão abaixo da 20ª posição, entre eles Espanha (39º) e Portugal (40º), e alguns se encontram muito abaixo na classificação: Grécia, Bulgária (70º), Romênia (52º) e Itália (49º).

 

União Europeia

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Na União Europeia "a distância continua aumentando entre os bons e os maus", assinala o relatório, que destaca os casos da França (no lugar 44) e da Itália, por "violação da proteção das fontes informativas, concentração de comunicação, menosprezo e impaciência do poder político em relação aos jornalistas e seu trabalho".

 

Reconhece, além disso, como motores da liberdade de imprensa Finlândia, Islândia, Noruega, Países Baixos, Suécia e Suíça, que lideram a lista.

 

Se nos anos anteriores a organização Repórteres sem Fronteiras apontavam com o dedo "o trio infernal": Eritreia, Coreia do Norte e Turcomenistão, este ano o grupo é maior, de dez países, "marcado pelas perseguições contra a imprensa e a ausência total de informação".

 

Os dez últimos países da lista "onde é melhor não ser jornalista", segundo a RSF, são Eritreia (178º), Coreia do Norte (177º), Turcomenistão (176º), Irã (175º), Mianmar (174º), Síria (173º), Sudão (172º), China (171º), Iêmen (170º) e Ruanda (160º).

 

Entre as maiores quedas, se destaca a das Filipinas (156º), pelo massacre de cerca de 30 jornalistas.

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