ONGs afirmam que Israel usa bombas de fragmentação no Líbano

O uso de bombas de fragmentação em áreas civis e/ou povoadas é proibido, pois com essa munição não há como disitinguir alvos civis de militares

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Por Agencia Estado
Atualização:

O exército de Israel está utilizando bombas de fragmentação em seus ataques ao Líbano, informaram nesta quarta-feira as ONGs Campanha Suíça contra Minas Antipessoais (CSMA) e Human Rights Watch (HRW). A ONG suíça, que reúne cerca de 50 associações, afirmou que o arsenal israelense dispõe de milhões de unidades do armamento conhecido como "munição convencional melhorada de duplo propósito" ou DPICM (em inglês). Segundo a organização, este tipo de arma foi produzido e desenvolvido com a colaboração da empresa de armamento RUAG, que pertence ao Estado suíço e atende o exército do país. A ONG lembrou que as bombas de fragmentação são contra os direitos humanos, por isso insistiu na proibição do armamento. A DPICM contém centenas de projéteis em seu interior, que se espalham quando a granada explode. O uso desta munição viola o princípio de distinção entre alvos civis e militares. A Otan recorreu a estas armas em seus ataques contra o exército sérvio no Kosovo em 1999, e as Forças Armadas americanas as usaram em operações no Afeganistão em 2002 e na invasão do Iraque em 2003. A CSMA considerou "lamentável" que o exército israelense tenha utilizado bombas de fragmentação no sul do Líbano, onde há duas semanas enfrenta a milícia radical xiita Hezbollah. A Human Rights Watch destacou que Israel usou bombas do tipo M483A1 no ataque ao povoado de Blida em 19 de julho, quando uma pessoa morreu e 12 civis ficaram feridos, entre eles sete crianças. A ONG afirmou que seu pessoal fotografou a munição de fragmentação entre o arsenal que o exército israelense mantém na fronteira com o Líbano durante a visita feita em 23 de julho. "As bombas de fragmentação são armas imprecisas quando usadas perto de civis, e nunca deveriam ser usadas em áreas povoadas", disse o diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, em comunicado. Segundo a ONG, o índice de falha deste tipo de munição é de 14%, por isso, quando não explodem ficam no terreno e continuam representando um risco para os civis. O uso de bombas de fragmentação em regiões povoadas viola as leis humanitárias relativas a ataques indiscriminados, destacou a HRW, que pediu a Israel que "pare de uma vez de utilizar munição de fragmentação no Líbano". Israel, que já usou esta munição no Líbano em 1978 e durante a década de 80, é um dos maiores produtores e exportadores deste tipo de armamento, principalmente de projéteis de artilharia e mísseis que contêm M85 DPICM. A ONG afirmou que há países como a Bélgica que desde fevereiro de 2006 proibiu o uso deste armamento, e outros como a Noruega que o farão em breve.

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