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ONU acusa Colômbia de usar crianças em combates

Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) acusou hoje o governo da Colômbia e os grupos guerrilheiros de estarem recrutando crianças para os combates. Isso seria uma violação ao direito humanitário que regula as ações das partes envolvidas em uma guerra. "A situação é muito ruim e o uso de crianças em batalhas é um processo de autodestruição de uma sociedade", afirmou Olara Otunnu, representante especial da ONU para Crianças e Conflitos Armados. O uso de crianças com menos de 15 anos não é uma novidade no conflito na Colômbia. Na maioria das vezes, os grupos armados seqüestram crianças e as levam para que sejam treinadas para a luta. Há dois anos, o governo da Colômbia se comprometeu com a ONU de que a prática não voltaria a ocorrer nas Forças Armadas. No mesmo ano, as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) declararam seu compromisso de que não recrutariam crianças para os combates. Na época, os rebeldes afirmaram que o uso de crianças foi "um erro histórico" das Farc. Mas, segundo Otunnu, os compromissos não estão sendo cumpridos. "Nossa informação é de que o envolvimento de crianças nos conflitos continua", afirmou. Ninguém sabe exatamente quantas crianças estão lutando na Colômbia. Segundo a organização não-governamental Human Rights Watch, no final de 1999, 30% das guerrilhas eram formadas por crianças e as Forças Armadas e a polícia local incluíam cerca de 15 mil jovens com menos de 15 anos em suas unidades. As crianças são usadas em várias funções, entre elas a colocação de minas terrestres. Os jovens chegam a fazer parte da linha de frente dos grupos armados. O governo ainda utilizaria as crianças como informantes. O direito internacional proíbe o recrutamento de crianças e, segundo a Corte Penal Internacional, que ainda não entrou em vigor, a participação de pessoas abaixo de 15 anos é considerada crime de guerra. Para tentar reverter a situação, Olara Otunnu irá à Colômbia em setembro. O objetivo será conseguir dos grupos armados uma garantia de que irão interromper o recrutamento de crianças. Não é apenas na Colômbia que o fenômeno das "crianças-soldados" preocupa a ONU. Segundo a Human Rights Watch, cerca de 300 mil crianças estariam servindo nos exércitos pelo mundo. Otunnu afirma que o uso de jovens com menos de 15 anos em conflitos está se tornando uma verdadeira "praga" nos países em guerra. Para ele, as "crianças-soldados" são a garantia de que o ciclo de violência nos países que recrutam esses jovens irá continuar pelo menos por mais uma geração.

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