ONU acusa Sudão de ´crimes de escala internacional´

Conflito armado no país já causou a morte a mais de 200 mil pessoas e o deslocamento de mais de dois milhões desde que começou, há quatro anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O grupo de analistas da ONU enviado pelo Conselho de Direitos Humanos (CDH) ao Sudão acusou nesta segunda-feira, 12, o governo de Cartum de ter organizado e participado de "crimes de escala internacional" na região de Darfur. Em seu relatório sobre essa missão, dirigido pela ativista americana e Prêmio Nobel da Paz em 1997 Jody Williams, o governo sudanês também é acusado de realizar uma "violenta campanha de contra-insurgência" contra os civis. Williams, que apresentou o resultado de sua avaliação ao Conselho de Direitos Humanos que começa nesta segunda em Genebra, pede à comunidade internacional que proteja e defenda os civis dos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos pelos líderes do país africano. Em dezembro, o CDH aprovou o envio de uma missão dirigida por Williams ao Sudão. Inicialmente, o governo local aceitou a determinação da ONU, mas em fevereiro, quando o grupo iniciaria seu mandato, Cartum negou o visto de entrada no país aos observadores. Ainda assim, os membros do grupo decidiram ficar em Adis-Abeba, na Etiópia, de onde prepararam o relatório. O objetivo era realizar uma avaliação independente das maciças violações dos direitos humanos que ocorrem desde a explosão do conflito armado em Darfur, há quatro anos, que já causaram a morte a mais de 200 mil pessoas e o deslocamento de mais de dois milhões. A guerra em Darfur, na fronteira do Sudão com o Chade, explodiu em fevereiro de 2003, quando os rebeldes do Movimento de Justiça e Igualdade (MJI) e do Movimento de Libertação do Sudão (MLS) pegaram em armas para protestar contra a situação de abandono e a pobreza na região. A missão, ao longo de um documento de 35 páginas, conclui que "a situação de direitos humanos em Darfur é muito grave". Ela "se caracteriza por violações sistemáticas e muito graves dos direitos humanos e de enormes descumprimentos da legislação internacional", diz o documento. Além disso, ressalta que os "crimes de guerra e contra a humanidade seguem ocorrendo na região", enquanto assinala que, além do governo sudanês, "as forças rebeldes são culpadas por sérios abusos e violações da lei humanitária" internacional. Os analistas pedem igualmente a todas as partes em conflito que respeitem e reconheçam as leis humanitárias internacionais, e que são de cumprimento obrigatório durante um conflito armado.

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