PUBLICIDADE

ONU adia novamente reunião para formação de força de paz

Encontro para estabelecimento da força de paz para o Líbano é adiado pela segunda vez.

Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta quarta-feira um novo adiamento no encontro entre as nações que poderiam contribuir com tropas de auxílio para a estabilização do sul do Líbano. A organização alega que é muito cedo para falar em deslocamento de forças de paz para a região antes de impor um plano de paz entre Israel e o Hezbollah. O anúncio veio quando diplomatas pediam por progressos substanciais em direção a um acordo. Os diplomatas alegam que atualmente há consenso sobre os elementos necessários para uma solução duradoura. Os elementos de consenso incluem o cessar-fogo, o desarmamento do Hezbollah, a criação de uma área tampão sem militantes do Hezbollah e soldados israelenses no sul do Líbano e o envio de forças de paz para a região. Os diplomatas estão debatendo uma proposta de resolução francesa que define as linhas gerais para o estabelecimento da paz e da constituição da força de paz. No entanto a França, considerada a possível líder de uma eventual força de paz, recusou-se em participar da reunião das nações que podem contribuir com tropas. Tal acontecimento fez com que a ONU adiasse pela segunda vez a reunião. O porta-voz da ONU, Ahmad Fawzi, afirmou que ainda é muito cedo para realizar a reunião sobre a composição da força de paz, por causa da "falta de consenso político sobre os planos para o término do conflito". A França quer que a guerra termine imediatamente, a fim de que se crie o projeto político que possibilitaria o envio das tropas. A ONU apóia a visão francesa. O secretário-geral da organização, Kofi Annan, alertou que sem uma trégua, a guerra poderia apenas se espalhar e as tensões poderiam se acentuar na região. "Ele (Annan) continua a pressionar pelo fim das hostilidades". Posição americana O embaixador americano na ONU, John Bolton, levantou a possibilidade de dois tipos diferentes de força internacional. Uma idéia é a de que a força enviada primeiro iria ajudar a desarmar o Hezbollah. Depois seu mandato e composição mudariam para uma missão padrão de manutenção da paz. A outra proposta é de fortalecer a missão atual da ONU no sul do Líbano, conhecida como Unifil. Enquanto os diplomatas se recusam a comentar muitos detalhes das suas discussões, eles se dizem satisfeitos com o rumo das discussões. França, Itália, Alemanha, Irlanda e Turquia dizem que consideram fazer parte de uma força de paz multinacional. Diplomatas de outros países estão discutindo se seus países devem se unir à lista. Força internacional não pode impor a paz Em entrevista publicada nesta quarta-feira no jornal francês Le Monde, o chefe de operações de manutenção da paz da ONU, Jean-Marie Guéhenno, afirmou que uma força internacional "não pode impor a paz". Além disso, o francês alegou que "será muito mais fácil encontrar tropas se os combates cessarem". Ele ressalta a dificuldade que os países encontram para fornecer soldados sem um cessar-fogo prévio. Guéhenno alertou que, "nas circunstâncias atuais, com a continuação das operações militares, se corre o risco de reforçar politicamente os que se quer enfraquecer militarmente sem estar certo de que se conseguirá isso", referindo-se à milícia xiita libanesa Hezbollah. A esse respeito, o responsável da ONU assegurou que a comunidade internacional "está muito unida" em torno do objetivo de "um Governo libanês que tenha autoridade em todo o território e o monopólio da força", em detrimento do Hezbollah. Mas "a questão é saber como conseguir isso". Perguntado sobre se uma força internacional poderia obrigar o Hezbollah a entregar as armas, respondeu que primeiro seria necessário estabelecer de "maneira realista quem são os contribuintes de tropas dispostos a esse mandato". Guéhenno lembrou que nas operações da ONU "o desarmamento das milícias ocorre quase sempre sobre a base de processos políticos, organizando a reintegração dos combatentes". Sendo assim, seria preciso escutar os libaneses que "insistem no processo político", já que conhecem os pontos fracos de seu país. Guéhenno considera também que se as tropas tiverem confrontos frontais aumentará o risco da violência entre libaneses. "Uma força internacional não pode nunca impor a paz do exterior. Ela vem em apoio a um processo político", argumentou. O pimeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, assegurou hoje que Israel só suspenderá sua ofensiva no Líbano quando uma força de interposição for mobilizada na fronteira. Texto atualizado às 17h30

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.