ONU adota sanções contra envolvidos no conflito de Darfur

Conflito entre rebeldes e militantes apoiados pelo governo sudanês já causou cerca de 180 mil mortes - a maioria por doenças e fome - e deslocou 2 milhões de pessoas

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Por Agencia Estado
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O Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas (ONU) votou nesta terça-feira a adoção de sanções contra quatro pessoas envolvidas no conflito de Darfur, no oeste do Sudão. China e Rússia inicialmente se opuseram às sanções, mas no final abstiveram-se de usar seu poder de veto contra a medida. O Catar também se absteve com o argumento de que não há evidências de que os quatro homens estariam envolvidos com a violência. Os alvos das sanções são acusados de ajudar a orquestrar e liderar matanças, estupros e outros abusos em Darfur. Diplomatas da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos descreveram as sanções como uma nova forma de exercer pressão sobre as partes envolvidas no conflito. Os enfrentamentos na região têm mostrado pequenos sinais de enfraquecimento, mesmo com negociações de paz sendo realizadas em Abuja, na Nigéria. Para esses países, a adoção das sanções poderiam dar novo ímpeto às conversas de paz. Os britânicos e americanos sugeriram que podem forçar novas medidas caso as atrocidades continuem, embora outros membros do CS tenham sido mais cautelosos. "A reputação do Conselho está em risco e nós acreditamos que (as medidas) irão ajudar o processo de Abuja a demonstrar que a impunidade não pode continuar", disse o embaixador britânico, Emyr Jones-Parry. Um acordo de paz encerrou no ano passado 21 anos de guerra entre os muçulmanos do norte e os cristãos e animistas do sul. Mas cerca de 10 mil pessoas morreram desde 2003 e mais de 1 milhão deixaram suas casas na região devido a violência provocada pelas milícias árabes apoiadas pelo regime islâmico sudanês, que lançaram uma campanha de limpeza étnica contra as tribos sedentárias não-árabes. Essas são as primeiras sanções impostas pelo Conselho de Segurança desde que este adotou uma resolução em março de 2005 autorizando o congelamento das propriedades e banindo as viagens dos indivíduos que desafiarem os esforços de paz, violarem as leis internacionais de direitos humanos ou que sejam responsáveis por combates militares em Darfur. Os quatro homens que enfrentarão as sanções são Gaffar Mahammed Elhassan, um ex-comandante das forças áreas sudanesas na região oeste do país; Sheikh Musa Hilal, chefe da tribo Jalul no norte de Darfur; e dois comandantes das forças rebeladas - Adam Yacub Shant, do exército sudanês de libertação, e Gabril Abdul Kareem Bradi, do Movimento Nacional para a Reforma e Desenvolvimento.

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