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ONU adverte para explosão demográfica de idosos

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, abriu nesta segunda-feira a Conferência Mundial sobre Envelhecimento alertando que o mundo deve se preparar para uma explosão demográfica da população com mais de 60 anos, que vai representar uma séria pressão sobre os recursos de países pobres. "O mundo está passando por uma transformação sem precedentes", afirmou o secretário-geral, que completou 64 anos hoje. As ongs que trabalham com idosos, que fazem uma reunião paralela na capital espanhola, defendem a criação de uma agência da ONU voltada para os maiores de 60 anos, nos moldes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Segundo estimativas das Nações Unidas, nos próximos 50 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos deve quadruplicar, passando dos atuais 600 milhões para 2 bilhões. Isso significa maiores gastos nas áreas de saúde, previdência social e aposentadoria, já que o número de pessoas em idade produtiva - capaz de pagar impostos para sustentar o sistema - vai diminuir. Até pouco tempo atrás, o problema do envelhecimento populacional era encarado como algo específico dos países do Primeiro Mundo, mas novos levantamentos estão mostrando que o fenômeno está presente em vários países em desenvolvimento, o Brasil entre eles. "O mundo tem de se preparar para mais esse desafio", disse Annan. Mas, segundo ele, como essas pessoas permanecem sadias por mais tempo, vivem mais e tiveram acesso a educação, elas também contribuem mais hoje para a sociedade em que vivem. "Ao contrário dos países desenvolvidos, que tiveram cem anos de transição antes de ver sua população de idosos dobrar, os países em desenvolvimento vão ver sua população com mais de 60 anos dobrar em 25 anos ou menos", alertou o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Luis Alfonso D´Avila, falando em nome do Grupo dos 77, que atualmente reúne 130 países em desenvolvimento. De acordo com levantamento do grupo britânico HelpAge International, com sede na Grã-Bretanha, a situação dos idosos é particularmente grave na África, onde se combinam fatores como discriminação, falta de legislação, crise econômica, aids e conflitos armados, fazendo com que os maiores de 60 anos convivam com a ausência de direitos básicos e a pobreza. Mais da metade dos idosos do planeta se encontram hoje na Ásia, na região do Pacífico, onde essa faixa etária cresce mais depressa. "Sempre houve o mito de que nas sociedade tradicionais as famílias se encarregam de tomar conta de seus idosos, mas isso não ocorre mais", alerta Mary Ann Tsao, presidente da HelpAge.

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