ONU alerta para ameaça 'real e iminente' de guerra civil na Síria

Novo massacre de civis eleva pressão internacional sobre o regime de Bashar Assad

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NOVA YORK - A pressão internacional sobre o governo do presidente Bashar Assad aumentou depois de ser relatado um novo massacre na Síria, desta vez no vilarejo de Qubair, na província de Hama. Pelo menos 78 pessoas, entre elas muitas mulheres e crianças, foram mortas na quarta-feira, 6, em ações de militares vinculados ao regime.

 

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Após reunião do Conselho de Segurança nesta quinta-feira, 7, para discutir a crise na Síria, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse que a contínua violência no país mostra que há uma ameaça real e iminente de guerra civil. Segundo ele, há poucas evidências de que o governo sírio esteja cumprindo com o plano internacional de paz negociado pela ONU com o país. Horas antes, em discurso na Assembleia Geral, Ban já havia condenado o "assassinato de inocentes", que descreveu como "chocante e revoltante". "Qualquer regime ou líder que tolere tal assassinato de inocentes perdeu sua humanidade", disse Ban. O enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, disse que é o momento de ameaçar Assad com fortes conseqüências, caso seu governo não interrompa a violência contra civis. Annan disse ainda ao Conselho de Segurança que a crise na Síria pode se transformar em uma espiral fora de controle, caso a comunidade internacional não aumente a pressão sobre o governo de Assad. Segundo Annan, a comunidade internacional já se uniu para encontrar uma solução para o conflito, mas deve agora levar essa união para um novo patamar. "Ações individuais ou intervenções não vão solucionar a crise", disse. O enviado da ONU disse ainda que esse novo episódio de violência demonstra que seu plano de paz para a Síria não foi implementado, apesar de ter sido aceito pelo governo. Monitores Segundo ativistas de oposição, as vítimas em Qubair (entre elas 35 pessoas de uma mesma família) foram mortas por forças leais ao governo. O regime, porém, nega as acusações e diz que as mortes foram obra de terroristas. O novo massacre ocorreu menos de duas semanas após 108 pessoas terem sido mortas na cidade de Houla. O secretário-geral da ONU também denunciou um ataque contra a equipe de monitores da organização que tentava chegar ao local do massacre. Os diplomatas disseram que o Exército sírio está impedindo a entrada do grupo em Qubair. No entanto, a televisão estatal da Síria afirmou que os monitores entraram no vilarejo, informação que não pôde ser confirmada por fontes independentes. A ONU enviou 297 observadores à Síria para verificar a implementação do plano de paz negociado por Annan. Entre os monitores, estão 11 brasileiros. A presença dos observadores, porém, não conseguiu impedir a violência no país. Condenação O novo massacre foi condenado por diversos países. O ministro de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, disse que a situação na Síria está se "deteriorando rapidamente" em violência sectária. Em um comunicado, a Casa Branca disse que as mortes, aliadas à recusa do regime sírio de permitir que os observadores internacionais entrem na área, é "uma afronta à dignidade humana e à justiça".

 

Os Estados Unidos querem uma ação decisiva para acabar com a crise na Síria e pedem que todos os países deixem de apoiar o governo de Assad. No entanto, a China e a Rússia, aliados da Síria, reafirmaram sua oposição a uma intervenção na Síria.

 

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