
21 de março de 2012 | 09h14
AMÃ - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta quarta-feira, 21, que a crise síria está cada vez mais alarmante e já teve "enormes repercussões" para o mundo, enquanto intensos combates eram travados em Damasco, a capital.
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"Não sabemos como os fatos vão se desenrolar. Mas sabemos que todos temos a responsabilidade de trabalhar por uma resolução para essa crise profunda e extremamente perigosa", disse Ban em discurso na Indonésia.
A Síria ocupa uma posição central numa teia de conflitos do Oriente Médio e tem uma explosiva mistura de religiões, seitas e etnias, levando diplomatas a temerem que a rebelião contra o governo de Bashar al-Assad, iniciada há um ano, se transforme em uma guerra civil plena.
As forças leais a Assad têm obtido vitórias contra os rebeldes nas últimas semanas, mas a violência não dá sinais de diminuir, e nesta quarta-feira surgiram relatos de várias ofensivas militares.
Ativistas de oposição dizem que o Exército voltou tanques, artilharia e baterias antiaéreas contra Harasta e Irbin, subúrbios de Damasco, que foram retomados dos rebeldes há dois meses, mas que nos últimos dias voltaram a registrar atividade insurgente.
O dia foi violento também em Homs, onde o Exército disparou 11 morteiros contra o bairro de Khalidiya, um dia depois de 14 pessoas morrerem em decorrência de disparos de morteiros na mesma área, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, grupo oposicionista com sede na Grã-Bretanha.
Os militares bombardearam também a cidade de Rastan, ao norte de Homs, e Qalat Mudiq, a noroeste de Hama, onde um blindado foi alvejado. Um soldado morreu nesse ataque, segundo ativistas.
Um vídeo mostrou o velho castelo de Apamea, em Qalat Mudiq, sendo bombardeado. Relatos vindos da Síria não podem ser verificados de forma independente devido às restrições do governo ao trabalho da imprensa e de grupos de direitos humanos. Apesar dos avanços no terreno, Assad parece cada vez mais isolado internacionalmente.
Na terça-feira, a aliada Rússia endureceu o tom, dizendo, por intermédio do seu chanceler, que Damasco "reagiu erradamente à primeira aparição de protestos pacíficos" e vem "cometendo muitíssimos erros".
Não ficou claro, porém, se as declarações de Sergei Lavrov vão se traduzir em ações tangíveis de Moscou para contribuir com o fim da crise síria. Até agora, a Rússia tem usado seu poder de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para impedir qualquer ação da comunidade internacional.
A ONU estima que mais de 8 mil pessoas já tenham morrido em um ano de repressão aos protestos. O governo diz que já perdeu 2 mil soldados e policiais por causa das ações de "grupos terroristas armados".
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