ONU alerta para falta de verbas humanitárias no Haiti

Falta de verbas para um dos países mais pobres do mundo está levando à redução dos serviços prestados

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Por Reuters
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Nações Unidas - A ONU alertou nesta terça-feira, 27, que a falta de verbas para o Haiti está levando à redução dos serviços prestados por agências humanitárias num dos países mais pobres do mundo, colocando centenas de milhares de desabrigados em risco. O Haiti recebeu no ano passado menos de metade dos 382 milhões de dólares solicitados em ajuda humanitária, e até agora menos de 10 por cento do apelo de 231 milhões de dólares encaminhado para 2012, disse em nota Nigel Fisher, coordenador humanitário da ONU no Haiti. "(A escassez de verbas) ameaça reverter os ganhos alcançados na luta contra a cólera por meio da promoção de práticas sanitárias e de higiene", afirmou ele. "Ameaça a própria existência de centenas de milhares que vivem em acampamentos." O Haiti ainda luta para se re-erguer depois do terremoto que matou cerca de 300 mil pessoas e deixou mais de 1,5 milhão de desabrigados, em janeiro de 2010. Apesar dos bilhões de dólares prometidos por doadores estrangeiros, a reconstrução continua lenta, com sinais apenas incipientes de progresso. "Quase meio milhão de pessoas ainda vive em acampamentos, expostas a surtos de cólera e a riscos de inundações que serão exacerbados pela chegada da temporada de chuvas e furacões, de maio a novembro", disse o dirigente da ONU. Uma epidemia de cólera contaminou mais de 500 mil pessoas e matou mais de 7.000 desde outubro de 2010. Alguns haitianos acusam soldados nepaleses da ONU de terem introduzido a doença no país, ao despejarem esgoto em um rio. O presidente Michel Martelly disse em janeiro que mais de 8 milhões de haitianos vivem sem eletricidade, 5 milhões são analfabetos, e 80 por cento da população subsiste com menos de 2 dólares por dia. "O governo do Haiti e seus parceiros humanitários expressam sua profunda preocupação com a falta de recursos financeiros à sua disposição para a continuidade das operações humanitárias e para a resposta a desastres repentinos", afirmou Fisher. "Essa escassez de recursos está restringindo sua capacidade de oferecer plenamente serviços na linha de frente." De acordo com Fisher, a comunidade humanitária precisaria urgentemente de 53,9 milhões de dólares para o período de abril a junho, a fim de proteger quem vive em acampamentos e oferecer serviços como água potável, alimentação, segurança e combate à epidemia de cólera, entre outras coisas. O Brasil lidera a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), com o maior contingente de militares estrangeiros no país, 2.100 homens.

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