ONU alerta para grave situação de fome em Darfur

"Sem ajuda alimentar, a situação se torna ainda mais volátil, porque a fome enfraquece uma segurança por si só precária", disse a organização

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Por Agencia Estado
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O Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou nesta segunda-feira sobre a grave situação das cerca de 500.000 pessoas em Darfur que não puderam receber alimentos do órgão durante três meses consecutivos, devido à insegurança e à criminalidade registradas na Região. "A maioria dessas pessoas passou três meses inteiros sem nossa ajuda. Sua situação é ainda mais desesperadora, porque estamos em plena temporada de fome - justo antes da colheita - e têm poucas possibilidades de encontrar comida em outros lugares", disse a organização em comunicado. Os confrontos entre as forças rebeldes e o Governo de Cartum impediram que, em julho passado, a agência das Nações Unidas distribuísse alimentos a 120.000 pessoas no sul de Darfur e a 355.000 pessoas no norte, onde o PMA também não conseguiu chegar em agosto devido ao aumento do conflito armado. "Sem ajuda alimentar, a situação se torna ainda mais volátil, porque a fome enfraquece uma segurança por si só precária", disse a organização, para a qual "a comida é fundamental para facilitar a Estabilidade". Os órgãos multilaterais estão há semanas alertando que, se não for contido o grave aumento da violência na região sudanesa de Darfur, poderia ocorrer uma nova onda de deslocamentos maciços capaz de desestabilizar toda a zona. Desde a assinatura do acordo de paz de Abuja entre o Governo sudanês e uma milícia insurgente de Darfur, em maio passado, os confrontos entre os partidários do tratado e seus críticos se multiplicaram e dificultaram o trabalho dos órgãos internacionais. No entanto, o PMA afirma que seus "obstáculos também são financeiros", já que a falta de recursos fez com que, em maio passado, a organização reduzisse pela metade as porções de alimentos que distribuía entre os cidadãos de Darfur. No entanto, um mês depois, novas doações permitiram elevar essas quantidades até 85% da necessidade calórica ideal (2.100 calorias diárias). Mas a organização multilateral advertiu que, se não receber mais contribuições, só haverá reservas suficientes até o final de ano. Para evitar um novo corte, o PMA reiterou à comunidade internacional seu pedido de US$ 350 milhões para manter as porções distribuídas até março de 2007 e armazenar alimentos para os quatro meses seguintes, quando ocorre a estação de chuvas e muitas pessoas ficam isoladas por estrada.

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