ONU alerta para situação dos refugiados nos Bálcãs

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Por Agencia Estado
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Enquanto a comunidade internacional concentra esforços em punir o ex-presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, a ONU lembra que a situação de mais de 1,3 milhão de refugiados nos Bálcãs ainda não foi solucionada, mesmo depois da assinatura dos acordos de paz, da instauração de regimes democráticos e da intervenção de tropas internacionais. "Não há recursos nem condições políticas para promover o retorno dessa população a suas casas", afirma o porta-voz da ONU em Sarajevo. Segundo a ONU, 9% da população que vive na Sérvia são refugiados, agravando ainda mais os problemas sociais do país. Em Kosovo, cerca de 250 mil pessoas ainda não voltaram para casa e o sentimento em toda a região é de que a situação dos refugiados só tem piorado nos últimos anos. Um dos problemas mais graves é a falta de recursos da ONU para promover a reconstrução de casas, alimentar os refugiados e transportá-los para suas antigas cidades. Em 2000, a ONU contava US$ 14 milhões para realizar essa tarefa. Hoje, com as atenções voltadas ao Afeganistão, a organização tem em seus cofres apenas US$ 8 milhões para os refugiados dos Bálcãs. Outro obstáculo é a lei de propriedade. Cada nova república formada depois da desintegração da Iugoslávia adotou uma norma diferente com relação à propriedade e, com o fim dos conflitos, muitos que saíram de casa estão tendo dificuldades para readquirir as propriedades. Na Croácia, por exemplo, as famílias que abandonaram as casas em 1991, somente podem voltar a ter a posse se o imóvel não tiver sido ocupado por outra família durante os últimos dez anos. Os aspectos legais não são os únicos obstáculos. Em muitos lugares da Bósnia, por exemplo, os conflitos arrasaram a infra-estrutura local e os refugiados praticamente não encontram uma atividade que possa proporcionar a sobrevivência econômica. "Muitos dos refugiados que tentaram voltar para suas casas nos últimos anos se arrependeram e decidiram retornar para a condição de refugiado nas grandes cidades como Belgrado, Zagreb e Sarajevo", diz a ONU.

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