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ONU ameaça cancelar missão a Jenin

Por Agencia Estado
Atualização:

A missão da ONU que pretende investigar a ação do exército de Israel no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, ameaçou hoje cancelar a viagem depois de mais de uma semana esperando pela autorização de Israel. Há cerca de uma semana, declarações de funcionários da ONU em Jenin apontavam que um massacre poderia ter ocorrido. Desde que a missão de investigação foi proposta pela ONU, Israel vem retardando a ida da equipe, formada pelo ex-presidente finlandês Martii Ahtisaari, pela ex-alta comissária da ONU para refugiados Sadako Ogata e pelo ex-presidente da Cruz Vermelha Internacional Cornelio Sammaruga. Segundo assessores da missão, haveria divergências entre a ONU e o governo do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon sobre o mandato e a composição da equipe. "Acredito que, nesse momento, é urgente a ida de uma missão que descubra o que ocorreu e que acabe com todos os rumores e acusações", disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Em Genebra, assessores políticos da equipe afirmaram que estão esperando a realização de uma reunião do gabinete de Sharon, ainda hoje, que teria sido convocado para tratar do tema. Segundo diplomatas israelenses, porém, não haverá reunião. A recusa de Israel em aceitar a chegada de uma missão de investigação internacional deixa claro a incapacidade da ONU em solucionar o conflito entre palestinos e israelenses. Desde que os enfrentamentos se intensificaram, há cerca de um mês, a Organização das Nações Unidas coleciona fracassos e frustrações e, em Genebra, crescem as críticas à organização. Desde março, nove resoluções foram aprovadas tanto no Conselho de Segurança da ONU como na Comissão de Direitos Humanos condenando as ações de Israel e, até agora, não passaram de letra morta. A ONU ainda tem sérias dificuldades para fazer com que alimentos cheguem aos palestinos. Apesar dos acordos entre o governo israelense e as agências de ajuda humanitária, funcionários da ONU já chegaram a se presos pelo exército de Israel por terem entrado, sem permissão, em hospitais e em campo de refugiados. Outra iniciativa frustrada da ONU foi a proposta de enviar uma força internacional ao Oriente Médio que garantiria a segurança da região para que um acordo de paz fosse negociado. Sharon se negou até mesmo em debater a iniciativa. Israel ainda impediu que a Comissão de Direitos Humanos da ONU investigasse possíveis abusos cometidos pelo exército de Israel. A investigação seria conduzida pela Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Mary Robinson, e pelo ex-premiê espanhol, Felipe Gonzalez. "Não conseguimos entender porque é que a ONU agiu de forma tão rápida e eficaz no Afeganistão e, agora, mostra-se totalmente débil na Palestina", questiona um diplomata árabe.

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