ONU amplia lista de responsáveis por crimes na Síria

Comissão presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro espera que relação sirva de base para futura ação judicial

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Por Roberto Simon , JAMIL CHADE , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

A comissão de inquérito da ONU sobre a crise na Síria, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, ampliou a lista secreta com nomes de autoridades do governo de Bashar Assad e líderes rebeldes que estariam por trás de graves violações dos direitos humanos e crimes de guerra. A ideia é que a relação um dia sirva de base para colocar no banco dos réus os responsáveis pelos crimes cometidos na Síria.A comissão apresentou ontem um relatório no qual alerta para a "grave" escalada da violência na Síria - em março, completam-se dois anos de guerra civil. O informe detalha a militarização do confronto, o uso do estupro como arma de guerra, a ação deliberada contra alvos civis e outras violações cometidas por ambos os lados. A comissão, porém, ressalta a responsabilidade do regime sírio no conflito.Segundo o Estado apurou, a lista inicialmente era restrita ao próprio ditador Bashar Assad e a alguns ocupantes de cargos-chave do aparato de segurança. Agora, após um ano de investigações realizadas pela comissão, a relação foi ampliada e traz, além de mais detalhes da cadeia de comando, líderes dos militantes anti-Assad. "Apontamos as violações de que esses indivíduos foram responsáveis, e também as unidades e grupos específicos (que cometeram os crimes)", disse Pinheiro, em entrevista a jornalistas brasileiros na sede da ONG Conectas. Segundo ele, a comissão mantém um "banco de dados dos crimes" na Síria. "Um dia essas listas terão utilidade em um processo judicial, seja sob uma jurisdição nacional, um tribunal ad hoc (criado pela ONU especificamente para julgar o caso) ou o Tribunal Penal Internacional.""Justiça deve ser feita", disse em Genebra Carla del Ponte, integrante da comissão e ex-procuradora do TPI que levou o ex-ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic, à Justiça.Pinheiro criticou duramente a militarização da crise síria e pediu um embargo de armas ao país. "É uma ilusão achar que há uma solução militar para o conflito. Para alguns desavisados, a vitória está ali na esquina. E os sonhos de uma intervenção externa - que não vai ocorrer - têm contribuído para essa ilusão."

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