ONU analisará envio de mais tropas para o Timor Leste

Pedido para que os capacetes azuis retornem ao país foi uma constante no debate aberto realizado nesta terça-feira no Conselho de Segurança

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Por Agencia Estado
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O governo do Timor Leste reiterou à ONU a necessidade do envio de mais forças da entidade, os capacetes azuis, para frear a onda de violência que castiga o país, pedido que será estudado por uma missão de avaliação que estará em breve no país. Após participar de uma reunião do Conselho de Segurança sobre o assunto, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou nesta terça-feira que enviará nos próximos dias uma equipe de avaliação ao leste do Timor para redefinir a presença das Nações Unidas no país. A ONU calcula que a onda de violência no Timor Leste nas últimas semanas causou o deslocamento de 130 mil pessoas, as quais necessitam de ajuda humanitária urgente. O pedido para que os capacetes azuis retornem ao país, de onde saíram em 1999, foi uma constante no debate aberto realizado nesta terça-feira no Conselho de Segurança. Neste sentido, se expressaram o primeiro-ministro do Timor, Mari Alkatiri, o ministro de Assuntos Exteriores, José Ramos Horta, e o enviado de Kofi Annan ao país, Ian Martin, em uma carta lida na reunião. "Existe um forte consenso de que a ONU deve ter um papel principal na organização das eleições de 2007, para que exista a confiança de que o processo será justo e livre", apontou Martin. Martin foi representante especial da ONU no Timor Leste em 1999, quando o país votou sua independência da Indonésia, que o tinha ocupado após a retirada de Portugal em 1974. No entanto, Annan explicou que a presença da ONU no país só será reforçada com o envio de capacetes azuis daqui a seis meses. Por isso, manifestou sua confiança em que as tropas australianas, portuguesas e neozelandesas, que atenderam ao chamado de urgência do governo timorense depois da explosão da crise, permanecerão no país pelo menos por esse prazo. Diante do Conselho de Segurança, Annan informou que em 8 de junho recebeu uma carta do ministro de Assuntos Exteriores timorense na qual este pede que a ONU constitua uma Comissão Especial Independente que investigue os incidentes de violência ocorridos em maio. Annan anunciou que encarregou esta investigação à alta comissária para os Direitos Humanos, Louis Arbour. Em março passado, o Exército do Timor Leste expulsou cerca de 600 militares que mantinham uma greve reivindicando melhoras trabalhistas, e, algumas semanas depois, os militares afastados organizaram uma manifestação que acabou violentamente quando a polícia disparou para dispersá-los. A partir de então, surgiram enfrentamentos entre as forças do governo e os ex-militares e seus seguidores, os quais deixaram pelo menos 30 mortos e mais de cem feridos. Os governos da Austrália e de Portugal, com a solicitação do governo timorense, enviaram tropas para ajudar a estabilizar o país. Na segunda-feira, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês) pediu à comunidade internacional que doe US$ 18,9 milhões para assistência humanitária no país. Com este dinheiro, a ONU poderia atender durante três meses aos desabrigados pelo conflito no país, onde cerca de 130 mil pessoas foram deslocadas pela violência registrada nas últimas semanas. As avaliações preliminares dos organismos das Nações Unidas identificaram 65 locais dentro e na periferia da capital, Dili, onde mais de 71 mil pessoas se refugiaram. Além disso, há pelo menos outros 60 acampamentos no interior do país, particularmente nas áreas de Liquica, Ermera, Aileu, Oecussi, Baucau e Ataúro, lugares para onde a Ocha planeja enviar equipes de avaliação.

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