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ONU apóia missão para avaliar crise humanitária na Somália

Conselho de Segurança pede rapidez no envio de tropas africanas ao país

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) apoiou nesta quarta-feira o envio de uma missão para avaliar as necessidades humanitárias na Somália, salientando a necessidade do envio rápido de uma força da África no conflituoso país africano. Os 15 membros do Conselho se reuniram a portas fechadas para avaliarem a crise na Somália, por causa da situação de instabilidade existente no país. "Os membros do Conselho expressaram seu apoio para enviar uma missão de avaliação da situação humanitária na fronteira entre a Somália e o Quênia", disse o presidente rotativo desta entidade, o embaixador da Rússia Vitaly Churkin, na saída da reunião. A idéia de enviar uma missão de avaliação humanitária surgiu do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse o diplomata russo. Esta sugestão foi dada após os deslocamentos e os problemas que estão sendo causados pelas ações militares, primeiro da Etiópia e agora dos EUA, à população somali. Churkin também disse que os países do Conselho em plenário apoiaram a aceleração do processo de envio de uma força de paz integrada por tropas dos países da Autoridade Intergovernamental sobre Desenvolvimento (Igad, sigla em inglês) e da União Africana (UA). A Igad é formada por Quênia, Uganda, Etiópia, Sudão, Eritréia, Djibuti e Somália, mas as nações limítrofes não fariam parte da operação. A realização da operação, que seria conhecida como IGASOM, foi autorizada em uma resolução que o Conselho aprovou em novembro de 2006. Processo de paz A reunião do Conselho também contou com a participação do subsecretário para Assuntos Políticos da ONU, Ibrahim Gambari, que disse que os membros deste órgão também concordaram com a necessidade de retomar o processo político, com a participação de todos os clãs da Somália e inclusive da União das Cortes Islâmicas (UCI). Sobre a força de paz, o alto funcionário da ONU disse que apesar da rejeição de Uganda, existem outros países que expressaram sua intenção de enviar tropas, como África do Sul, Malawi e Nigéria, e que espera que cumpram seu compromisso. A embaixadora adjunta dos EUA na ONU, Jackie Sanders, disse que a reunião foi produtiva, pois permitiu analisar caminhos para estabilizar a situação e discutir detalhes sobre o envio da IGASOM. Entretanto, na reunião não foram abordados os ataques aéreos americanos na Somália que têm como alvo supostos militantes da Al-Qaeda, e nos quais cerca de 30 civis morreram. A diplomata americana disse desconhecer os números de mortos e afirmou que "abordar a situação e a dos membros da Al-Qaeda é algo que os EUA devem fazer e que continuaremos fazendo". Ela lembrou que entre os membros da Al-Qaeda que atacaram, estava Fazul Abdullah Mohammed, um dos organizadores dos atentados realizados em 1998 pela organização contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, nos quais 224 pessoas morreram. A Somália viveu nesta quarta-feira seu terceiro dia de ataques aéreos dos EUA na busca de supostos terroristas, enquanto serão realizadas as críticas internacionais e o número de mortos, que, segundo fontes médicas, chegam a 84 desde que começou a ofensiva. Apelos de organizações Organizações de defesa dos direitos humanos como a Anistia Internacional pediram explicações ao governo de Washington e exortaram os EUA a que respeitem a legalidade internacional em suas ações. A lei internacional proíbe os ataques diretos contra pessoas e objetos e infra-estruturas civis, assim como ofensivas indiscriminadas e ataques desproporcionais com efeitos na população civil. Ban reiterou nesta quarta sua preocupação pelas vítimas civis que estão sendo provocadas pelos bombardeios e pediu a retirada de todas as forças estrangeiras da Somália.

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