PUBLICIDADE

ONU aprova comunicado fraco sobre bombardeio a posto da organização

Texto expressa "choque e pesar" pelo incidente, mas não ataque que matou quatro observadores das Nações Unidas

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho de Segurança da ONU (CS) aprovou nesta quinta-feira um comunicado considerado fraco pelo bombardeio israelense, na terça-feira, de um posto das forças de paz da ONU no Líbano, que deixou quatro observadores da organização mortos. O texto expressa "choque e pesar" pelo incidente, mas não condena o ataque. Após um dia e uma noite de disputas sobre a resposta que o conselho daria para o bombardeio, todos os 15 membros do organismo concordaram com o teor do comunicado - o primeiro a fazer referência ao atual conflito entre Israel e os militantes do Hezbollah, iniciado no último dia 12. Ainda assim, na única referência explícita ao conflito, o conselho apenas expressa suas "profundas preocupações pelo sofrimento e mortes de civis libaneses e israelenses, pela destruição da infra-estrutura civil e o crescente número de pessoas sendo obrigadas a deixarem suas casas". Os EUA - principal aliado de Israel - insistiram em remover qualquer alusão de que o ataque possa ter sido deliberado, como acusou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. O embaixador da China na ONU, Wang Guangya, que propôs o comunicado, destacou que "quase todos os membros condenaram o que aconteceu". "Assim, acho que a condenação está lá", completou. Embora tenha sido considerado fraco, continuou Guangya, o conselho "não está apenas fazendo justiça às vítimas e seus familiares, como também a dezenas de milhares de homens e mulheres que trabalham para essa organização em todo o mundo". Texto original O rascunho original apresentado pela China expressava choque e pesar pelo ataque "aparentemente deliberado" à base da ONU e condenava "os ataques de artilharia e aéreo coordenados contra um posto antigo e claramente demarcado das Nações Unidas". O primeiro rascunho revisado retirou a referência ao "ataque aparentemente deliberado", mas manteve a condenação. Embora mais fraco, o texto continuou inaceitável para os americanos, que também se recusaram em aceitar um pedido de investigação conjunta entre ONU e Israel sobre o incidente, como queria Annan. No texto final, a condenação e o pedido de investigação foram retirados. O embaixador de Israel na ONU, Dan Gillerman, classificou o comunicado como "muito justo e balanceado". Gillerman expressou também "profundo pesar pelo acidente trágico", reiterou seu horror diante das declarações de Annan e sublinhou que Israel "nunca miraria propositalmente no pessoal da ONU", acrescentando: "A guerra é uma coisa terrível e, durante a guerra, erros e tragédias acontecem." Em um briefing enviado ao Conselho de Segurança na quarta-feira, a assistente do secretário-geral, Jane Lute, informou que funcionários da ONU em Nova York e no Líbano telefonaram diversas vezes para o Exército israelense para alertar que a base estava sob fogo de Israel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.