ONU avalia publicar nomes de supostos criminosos de guerra na Síria

Comissão Internacional de Inquérito para a Síria ressalta necessidade de que responsáveis pelas atrocidades sejam julgados

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NAÇÕES UNIDAS - A Comissão Internacional de Inquérito para a Síria promovida pela ONU disse nesta sexta-feira, 20, que está estudando a possibilidade de tornar público os nomes de indivíduos que podem ter cometido crimes de guerra no país.

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Os analistas, que se encarregam de documentar as violações dos direitos humanos cometidas na Síria, explicaram que atualmente estão avaliando "os prós e os contras" da possível decisão. O grupo analisou essa possibilidade com os membros do Conselho de Segurança da ONU, pois considera que publicar essas identidades é "construtivo" somente se for seguida de ações de prestação de contas, disse aos jornalistas seu principal responsável, o brasileiro Paulo Sergio Pinheiro.

O grupo já elaborou quatro listas de possíveis criminosos de guerra, sobre as quais não deu informação, e está trabalhando em uma quinta, com a junção das anteriores e que deve ser concluída em março.

Pinheiro ressaltou nesta sexta-feira a necessidade de que os responsáveis das atrocidades cometidas no país sejam julgados, e lamentou que até agora os esforços para fazer justiça tenham sido muito limitados. Até agora, Rússia e China vetaram no Conselho de Segurança da ONU as propostas para levar esses crimes perante o Tribunal Penal Internacional (TPI).

Hoje, o embaixador britânico perante a ONU, Mark Lyall Grant, assegurou que o Conselho de Segurança deve voltar a tratar o assunto, e considerou ser "absurdo" que dada à gravidade dos crimes cometidos no país o TPI não esteja se ocupando deles.

O último relatório da comissão investigadora, divulgado hoje, critica exatamente a "impunidade" existente na Síria e documenta graves violações cometidas por diferentes envolvidos no conflito. Das evidências reunidas, os especialistas concluíram que uma das principais estratégias das forças governamentais era sitiar áreas, sem considerar a existência de população civil no local, que ficava sem água, alimentos e provisões médicos.

Assim como as forças oficiais, os grupos armados rebeldes também torturaram e executaram, suspeitos de ser agentes do regime. A partir do momento em que os extremistas do Estado Islâmico e da Frente al-Nusra se consolidaram, no ano passado, os ataques suicidas e com carros-bomba contra alvos civis aumentaram.

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A ONU calcula que mais de 210 mil pessoas morreram durante o conflito, que já provocou também o deslocamento de 6,5 milhões de cidadãos e levou mais de três milhões a fugir para outros países. / EFE

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